Sucessão Reitoria
Primeira reunião com o novo reitor
Reunião de Rodas com a diretoria da Adusp, na sede da entidade, em 6/1/2010. Abaixo, o reitor e professor João Zanetic, presidente da Adusp |
Foi realizada no dia 6/1, na sede da Adusp, uma primeira reunião entre a diretoria da entidade e o novo reitor da USP, João Grandino Rodas. Cinco temas foram propostos como pauta pela diretoria: reforma do Estatuto; reforma da carreira docente; financiamento da universidade; fundações; gatilho. A terceirização também foi debatida. O objetivo da conversa, segundo Rodas em sua fala inicial, foi “marcar o início de um canal direto, que seja duradouro ao longo de quatro anos”. O reitor propôs também a realização de reuniões mensais.
Sobre a reforma do Estatuto, a diretoria reafirmou a necessidade de se convocar uma Estatuinte, com a participação das três categorias, e que se dissolvesse após a realização da reforma. Em resposta, Rodas defendeu que “ao invés de colocar o Estatuto inteiro em discussão, poderia ser feito um encontro sobre a questão da estrutura de poder”, sendo essa “uma possibilidade de não tomar o todo e ficar sem resolver nada”.
O reitor insistiu na tese: “Não acredito que resolveremos a contento de todos, mas se isso evoluísse, talvez pudéssemos resolver outras questões. Não devemos entrar ainda na questão do processo, mas sim primeiro definir o que vamos discutir. Temos que ser um pouco pragmáticos”, afirmou ele. “A questão é quem vai resolver isso e como”, replicou a diretoria da Adusp. “Se for o Conselho Universitário, não resolve”.
Carreira
Quanto à reforma da carreira docente, foi exposta a crítica ao produtivismo exacerbado, ao fato de a reforma ter misturado estrutura de poder e carreira e à ausência de motivação acadêmica para a mudança. Rodas afirmou que a reforma foi aprovada, mas não está ainda regulamentada e que, portanto, “não existe ainda um fato consumado, ainda está aberto a discussões”. “Precisamos buscar uma proposta de consenso, porque se cada grupo vier com uma, vai acabar ficando na mesma e não podemos passar 12 anos sem regulamentar, até porque já tem uma proposta”.
A diretoria sustentou que, dada a falta de democracia no processo de discussão que gerou essa proposta, seria desejável refazer a votação, ao invés de simplesmente regulamentar. Ao que Rodas respondeu que “como estratégia, é mais simples retomar a discussão, que será muito difícil”. Por fim, a diretoria expôs que o princípio desse debate deve ser se a nova carreira tem potencial de transformar a universidade no sentido que nós queremos ou não.
Para abordar a questão do financiamento da universidade, a diretoria retomou o histórico de luta por 11,6% de repasse do ICMS para a educação e afirmou que os reitores das três estaduais costumam não tomar parte nas reivindicações por mais verbas. O reitor respondeu: “Temos que ir juntos desde o Cruesp. Das três universidades, a mais dividida é a USP, assim nós vamos sempre ser vencidos. Mas não é no primeiro ano que isso vai se resolver”.
Terceirização
Em meio ao debate sobre financiamento, a diretoria criticou a terceirização, sob o argumento de que trata-se de uma política defendida em nome do corte de custos. Rodas afirmou que, em conversa com o Sintusp, ficou combinada uma discussão específica do assunto. Ele disse também que é preciso identificar as causas do fenômeno, e sugeriu que a freqüência das greves é um motivo, uma vez que a terceirização tornou-se solução para a manutenção de certos serviços.
Outro fator identificado por Rodas é “as pessoas fingirem-se doentes, sem haver uma verificação eficiente quanto a isso”. E disse que é preciso criar metas na universidade para atacar essas causas: “Não se pode desmontar de um dia para o outro, mas podemos criar um plano interno de desmonte disso, baseado numa abordagem científica”.
Quanto ao Gatilho, Rodas afirmou que é uma questão “que já podia estar resolvida”, “um problema para o Estado, que pagará mais, e para aqueles que morreram e perderam o usufruto”. Retomando o assunto mais adiante no encontro, o novo reitor declarou: “Estou disposto como pessoa a ver o que está acontecendo, juntar documentos, sentar, ver de onde vai vir esse dinheiro. Não vou deixar a questão pura e simplesmente na mão da assessoria jurídica”. E sugeriu: “Vamos à justiça sentar para resolver isso juntos”. Propôs uma reunião sobre o assunto logo depois da posse.
Sobre as fundações ditas “de apoio”, disse Rodas: “Num primeiro momento a proposta não deve ser acabar com as fundações, mas pensar regras básicas para unidades que quiserem tê-las. Por exemplo, best practices [N.E.: jargão empresarial que denomina técnicas identificadas como as melhores para realizar determinada tarefa]. No começo não conseguiremos aprovar mais que duas ou três, mas aos poucos se consegue uma regulamentação que nunca se conseguiria aprovar de uma vez”. Para o reitor, “acabar com as fundações depende de conseguir outras fontes de financiamento”. A diretoria afirmou concordar com a necessidade de um processo de transição e mencionou que um exemplo de regulamentação necessária é desvincular quadros administrativos das fundações aos da USP, devido ao conflito de interesses.
Matéria publicada no Informativo nº 300
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