Segurança
Violência sexual é tema de seminário da GU
O seminário “Violências de Gênero, Raça-Etnia e decorrentes de outros marcadores sociais”, novo debate organizado pela Superintendência de Prevenção e Proteção e aberto à comunidade, deu prioridade às questões suscitadas por denúncias feitas na Assembleia Legislativa de São Paulo sobre violações de direitos humanos na USP, principalmente nos cursos de medicina. Realizado em 9/12, contou com a presença da professora Heloísa Buarque de Almeida (FFLCH), coordenadora do Programa USP Diversidade; da superintendente Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer; e de guardas universitários, funcionários, professores e estudantes.
Para chegar ao conceito de violência, Ana Pastore explicou as diferenças entre agressividade, violência e criminalidade. A agressividade é um sentimento de dinamismo presente em várias situações, como no esporte, e que pode ou não se desenvolver em violência, dirigida contra outras pessoas ou contra a própria pessoa. A criminalidade é definida por lei. A violência sexual ocorre em todo o mundo, mas as estatísticas disponíveis não são muito confiáveis, uma vez que a maioria das mulheres prefere não denunciar, por medo ou vergonha.
“Violência sexual acontece em todo o mundo, em todas as camadas sociais, não é prerrogativa de camadas populares, de baixa renda, não escolarizadas; e geralmente ela se dá entre conhecidos e muitas vezes entre parceiros íntimos”, comentou a superintendente. “A universidade tem o papel de apontar programas de apoio e cuidados às vítimas e é preciso realmente trabalhar com uma ênfase educativa, preventiva. É possível enfrentar a violência sexual e outras formas de violência com programas de assistência e apoio psicológicos. A Universidade de São Paulo tem que ousar com programas para os agressores: não basta punir, enclausurar e excluir; é preciso reincluir, ouvir; se trata de perceber que a violência faz parte de um circuito”.
Atendimento
Heloísa Buarque, por sua vez, observou que não se estava falando, ali, “do imaginário do estupro da rua escura”, mas “da violência que vem de colegas, de funcionários e professores”. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, um quarto das mulheres já sofreu violência sexual vinda de parceiros íntimos; e um terço delas começou sua vida sexual de forma forçada.
Muitas vezes a violência sexual não é acompanhada de violência física, o que dificulta ainda mais a denúncia. No entender da professora, os casos de violência têm vindo à tona porque hoje em dia as mulheres entendem que estão sofrendo uma agressão, diferentemente dos anos 1980, quando as mulheres que sofriam abusos em festas, por exemplo, se sentiam culpadas.
“A primeira coisa que a gente tem que pensar é na noção de consentimento, porque alguns homens não entendem quando a mulher fala ‘não’. ‘Ah! Ela está tentando ser difícil’. Vamos entender que quando elas falam ‘não’ é ‘não’?”, indagou Heloísa, lembrando que a USP já sinalizou que criará um centro de atendimento às vítimas.
“O outro problema que a gente tem na USP, que é muito grave e está aparecendo nessas denúncias, é o trote. E é o que eu digo para os alunos: o trote tem que acabar. É uma tradição? Sinto muito. Tem tradição que é melhor que acabe logo”.
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