Matérias do Informativo Adusp
Silêncio da Reitoria sobre Ação do Gatilho preocupa professores
Professor Jorge Beloqui |
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A Reitoria não respondeu ao ofício da Adusp enviado em 19/2/2009, que solicita reunião para dar continuidade à discussão sobre o gatilho salarial. A Adusp já se manifestou em juízo, pedindo a execução da sentença para os docentes já considerados beneficiários e a apresentação pela USP da justificativa para a exclusão de vários docentes.
A gestão Suely Vilela parece querer empurrar o problema para a próxima gestão, protelando o cumprimento da ação judicial transitada em julgado e que poderia já ter reparado as perdas provocadas pelo governador Orestes Quércia ao deixar de cumprir a lei do Gatilho em 1987.
O Informativo Adusp entrevistou dois dos docentes cujos nomes constam, desde o início, da lista incontroversa de beneficiários.
Um deles é o professor Jorge Beloqui, do IME, na USP desde 1981. Portador de HIV, trata-se com medicamentos antivirais há vinte anos. O montante a que tem direito como beneficiário da ação do Gatilho certamente poderia contribuir no tratamento da Aids, que muitas vezes não pôde ser sustentado pelo SUS, levando Beloqui a recorrer ao sistema privado de saúde.
Um dos principais problemas no processo, para Beloqui, foi o tempo gasto para definir quem serão os beneficiários: “Ficou-se discutindo a lista dos beneficiários por muito tempo. A Reitoria poderia ter pago os que não estavam em discussão”, aponta. O que assusta o professor do IME é a suspeita de que a Reitoria esteja planejando não aceitar a decisão judicial.
Professora Maria Adélia |
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Beloqui aponta a relevância da questão do Gatilho: “[A ação] é importante para todos os professores, na medida que chegou ao final reconhecendo que é justo que nós recebamos. Do ponto de vista geral, mostra que é necessária essa reparação. Fico muito satisfeito com a ação da Adusp para salvaguardar o que é devido aos professores da universidade”.
Indignação
A professora aposentada Maria Adélia de Souza, da FFLCH, na USP desde 1959, quando iniciou sua graduação, indigna-se com o fato de a administração silenciar quanto à ação do Gatilho: “Estou muito zangada com o desrespeito que administração superior tem tido para comigo”, diz, referindo-se ao modo “deselegante” como a Reitoria responde a seus pedidos de informação.
Maria Adélia soube que, na Unicamp, processo idêntico está concluído e os professores já foram pagos, e informou o Ouvidor da USP sobre a diferença na celeridade dos processos nas duas universidades estaduais. Ela também pediu à Reitoria informações sobre o andamento da ação.
“Mandei um e-mail para a Reitora solicitando informações oficiais. O que estava acontecendo? Como a USP, à qual eu me vinculo, estava lidando com a questão do gatilho?”, explica a professora. A resposta veio só um mês e meio depois — e “orientou” a professora a encaminhar aquelas perguntas à Adusp… “Não se trata um professor desse jeito!”, reclama Maria Adélia.
“Falta de vontade”
Ao voltar a procurar o Ouvidor da USP, ela foi informada de que “o volume de recursos necessários para pagar o gatilho é muito grande” e de que a Reitoria não tem condições de efetuar o pagamento. Maria Adélia, então, novamente contatou a administração: “Fiz um outro e-mail e o gabinete não respondeu. Estou muito bem informada pela Adusp, mas não é oficial. Queria da USP”. A espera estende-se há dois meses.
O próximo passo foi procurar a Vice-Reitoria. “Mandei um e-mail. E eles não respondem. É um desrespeito a um funcionário da USP, aposentado, titular”.
Para Maria Adélia, o fato de que a Unicamp já tenha pago o gatilho, e a USP não, é inadmissível: “É uma questão política. Não temos que discutir isso sob o viés do orçamento, das listas. É falta de vontade”, avalia a professora, que já foi chefe do gabinete do Reitor, durante a gestão Flávio Fava, e prefeita do Campus Butantã.
Ela destaca o papel da Adusp como positivo, nas negociações com a Reitoria em torno da lista de beneficiários: “A Adusp teve uma conduta exemplar. De absoluta transparência e respeito aos professores”.
A Adusp continuará exigindo da Reitoria o imediato cumprimento da sentença judicial.
Matéria publicada no Informativo nº 278
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