Memória
Perdemos o professor Amando Siuiti Ito, exemplar pesquisador, “figura central na Biofísica nacional”

Faleceu nesta segunda-feira, 1º de julho, o renomado pesquisador Amando Siuiti Ito, professor titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) e professor visitante sênior da Universidade Federal do ABC (UFABC). Também trabalhou no Instituto de Física (IF-USP). Filiado à Associação de Docentes da USP (Adusp) desde 1986, Amando foi diretor 1º secretário na gestão 1987-1989 (presidida pelo professor Francisco Miraglia), fato que ele fez questão de incluir no seu currículo Lattes.
“O professor Amando foi figura central na Biofísica nacional com destaque para seus estudos de interações entre biomoléculas através de métodos avançados de fluorescência”, declarou, em nota, a Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBf), apontando sua trajetória na USP e na UFABC. Lembrou que o docente atuou por vários anos no IF, como um dos líderes do grupo de Biofísica do Departamento de Física Geral (DFGE). “Deixa um legado rico de contribuições científicas, acadêmicas e interpessoais”, diz ainda a SBBf.

Amando graduou-se pelo IF (1971), onde também obteve mestrado e doutorado em Física (1975 e 1981 respectivamente). Tinha pós-doutorado pela Università degli Studi di Parma (1984), na área de Ciências Biológicas. Ingressou no corpo docente da USP em 1977, como professor assistente. Defendeu a livre-docência e tornou-se professor associado em 1994, e titular em 2000. Aposentou-se em 2020, atuando, desde então, como professor sênior. Em 2021 passou a trabalhar como professor visitante na UFABC.
Amando foi chefe, por muitos anos, do Departamento de Física e Matemática da FFCLRP, a Filô. Antes disso, também nessa unidade, foi coordenador do curso de Física Médica (2000 a 2003) e do curso de Ciências da Informação e da Documentação (2002 a 2004).
No resumo do seu currículo Lattes, ele registrou em terceira pessoa a variada gama de tópicos nos quais atuou como pesquisador biofísico: “Tem experiência na área de Biofísica, com ênfase em Biofísica Molecular. Utiliza como principal ferramenta a espectroscopia [de] fluorescência, por meio de técnicas que permitem alta resolução espacial e temporal em estudos biofísicos sobre a estrutura e o funcionamento de macromoléculas biológicas como peptídeos e proteínas e de arranjos supramoleculares como micelas, vesículas e suspensões coloidais”, sintetizou. “Além do trabalho experimental, realiza simulações computacionais fazendo um acoplamento de cálculos de estrutura eletrônica com simulações por dinâmica molecular, para as moléculas em meio solvente e em interação com bicamadas lipídicas. Os sistemas estudados compreendem drogas anti-leishmania, resinas naturais de abelhas indígenas, peptídeos virais de fusão e peptídeos com atividade lítica em membranas”.
Ao longo de sua trajetória Amando publicou 104 artigos científicos, fartamente citados por pares. É autor do livro Biofísica. Introdução a uma ciência interdisciplinar (Edusp, 2021) e coautor, com Marina Berardi Barioni e Wallace Moreira Pazin, de Fluorescência e aplicações em Biofísica (Livraria da Física, 2016). É autor de capítulos dos livros A descoberta do méson e a colaboração Brasil-Japão (Funpec, 2009) e Biofísica: os seres vivos na escala molecular, organizado por Ernest Hamburguer (Livraria da Física, 2006).
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