Movimento Estudantil
Ato na São Francisco apoia diretor, repudia Rodas e exige retorno imediato da Biblioteca
![Ato na São Francisco apoia diretor, repudia Rodas e exige retorno imediato da Biblioteca](https://adusp.org.br/wp-content/uploads/2011/08/sanfran.jpg)
O diretor da Faculdade de Direito (FD) do Largo São Francisco, professor Antonio Magalhães Gomes Filho, foi ovacionado pelos estudantes em ato realizado em 12/5 em favor do imediato retorno, ao prédio histórico da unidade, dos livros transferidos em sigilo pelo ex-diretor e atual reitor, professor Grandino Rodas. Os estudantes querem também o impeachment do vice-diretor, Paulo Borba Casella, acusado de boicotar o processo de retorno das caixas de livros.
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Três momentos do ato na Faculdade de Direito em 12 de maio |
De acordo com os estudantes, Magalhães vem sofrendo “pressões e ameaças” da Reitoria, mas “não precisa temer por represálias”, pois conta com o apoio da categoria, segundo documento distribuído no ato e assinado por 17 representantes discentes. O texto é ironicamente intitulado Quousque tandem abutere patientia nostra?, a mesma expressão utilizada como título pelo reitor, recentemente, em artigo que publicou sobre a ocupação da Coseas.
Quanto a Casella, “fazendo-se valer da ausência, por motivos médicos, do diretor da faculdade”, teria tentado em 7/5, “de forma autoritária, impedir que o retorno dos livros fosse feito, desrespeitando a determinação do professor Magalhães”. Para os estudantes, o vice-diretor é ligado a Rodas, pois “ocupa seu assento após um esforço público do Magnífico Reitor”.
“Estamos há mais de 100 dias sem ter acesso ao acervo”, o qual foi transferido “na calada da noite, em mais um ato secreto do antigo diretor, no último dia de sua gestão”, afirmam os representantes discentes, que observam, mais adiante, que o retorno dos livros encaixotados (e ora colocados no Anexo IV da faculdade) foi recomendado pelo Ministério Público Federal (vide Informativo Adusp 303) e determinado pela Justiça Federal.
Tom desrespeitoso
Ainda segundo o documento, a Reitoria pretende apoderar-se dos anexos III e IV da faculdade, o que é confirmado pelo diretor: “Recebi um ofício do chefe de gabinete dizendo que se a faculdade não der utilização aos prédios a Universidade iria dar outra destinação a eles”, declarou ao Informativo Adusp o professor Magalhães. “São prédios que estamos utilizando, ainda que precariamente. Isso nos causaria grandes problemas. Respondi ao chefe de gabinete que estranhava a falta de um tratamento respeitoso”.
O diretor da FD considera preocupante o tom de ameaça do ofício. “Nos orgulhamos de pertencer à USP, mas a USP também tem de se orgulhar da faculdade, que tem 183 anos”.
Quanto à Biblioteca, Magalhães acredita que o problema estará resolvido dentro de um mês. “Uma parte da biblioteca já está montada no prédio novo, e outra está voltando para cá” (ou seja, para o prédio histórico). A mudança teve início no dia 8/5. Futuramente, também a biblioteca central será transferida para o prédio novo, que já abriga as bibliotecas departamentais.
“Contrato de gaveta”
Outra questão que tem mobilizado os estudantes da São Francisco diz respeito à denominação de duas novas salas do prédio histórico. O texto dos representantes discentes alude a “doações privadas com encargos [que] foram feitas por meio de um contrato de gaveta, um ato secreto do antigo diretor Grandino Rodas, e aprovadas pela Congregação no último mês”.
Trata-se de doações financeiras realizadas pelo Escritório Pinheiro Neto e pela família Pedro Conde, esclarece o diretor. Como contrapartida, as salas receberam o nome de pessoas ligadas aos doadores: o advogado José Martins Pinheiro Filho e o banqueiro Pedro Conde.
“Houve uma resistência, mas a Congregação aprovou as denominações”. No entanto, explica Magalhães, “quando isso ocorreu não havia notícia de um contrato, que apareceu depois”. O contrato, com a família Pedro Conde, condicionava a doação à denominação da sala. Segundo o diretor, o Escritório Pinheiro Neto abre mão do privilégio.
O reitor foi procurado pelo Informativo Adusp para comentar as críticas, mas sua assessoria informou que não poderia responder no prazo solicitado. O vice-diretor Casella, também procurado, não foi localizado.
Informativo nº 306
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