Nomeado em meio à crise provocada pela ocupação da Divisão de Promoção Social da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) por moradores do Crusp, o professor Waldyr Antonio Jorge, da Odontologia, é o novo coordenador desde 15/4.

No entanto, um mês e meio após assumir a Coseas, tendo declarado que sua primeira prioridade seria “equacionar esta invasão porque ela está nos incomodando”, nenhuma reunião de negociação foi marcada entre a coordenadoria e os ocupantes, que reivindicam mais vagas de moradia e o fim do sistema de vigilância sobre os moradores, entre outras pautas.

Antonio Jorge conta que procurou os ocupantes pelo menos quatro vezes, como forma de estabelecer diálogo, mas que a greve impede que seja marcada uma reunião oficial, por falta de local disponível. “Onde eu vou recebê-los? Eu estou na rua, estou no corredor. Eu não marquei reunião porque não tenho a minha sala. A greve hoje impede que eu tenha uma reunião dentro da Coseas”, alega. “A invasão eu só posso voltar a discutir na hora em que a greve terminar, que eu possa voltar às atividades normais da Coseas. Então vamos agendar uma reunião com eles, com uma pauta, e vamos dialogar”.

Perguntado sobre a pretensão dos ocupantes de transformar aquele espaço permanentemente em moradia, o coordenador afirma que isso não resolve o problema da moradia. “É indevido, porque estou precisando mais dele para ser a Promoção Social, do que moradia para 18 pessoas. E quem são essas 18 pessoas? A Promoção Social tem que fazer essa seleção”.

Sobre a reivindicação de mais vagas para moradia estudantil, o coordenador da Coseas aponta o novo prédio que está sendo construído, com 200 vagas, e declara “esperar” que o atual prédio da Reitoria, quando vier a ser desocupado pelos órgãos administrativos ali presentes hoje, seja também destinado a essa finalidade. “Mas existe projeto da Reitoria de estudo de novas construções”, diz. A destinação do atual prédio da Reitoria para moradia estudantil foi anunciada por Grandino Rodas tão logo nomeado reitor.

Vigilância

Os moradores do Crusp acusam a Coseas de manter um invasivo sistema de vigilância sobre eles. Foram tornados públicos documentos que mostram que os porteiros dos prédios produziam relatórios à coordenadoria registrando a ocorrência de festas e reuniões políticas. Antonio Jorge diz que abusos devem ser investigados: “Tudo que for factível de ser apurado por nós vai ser apurado. Eu não me mancomuno com coisas erradas. Qualquer excesso que houver, vou apurar e responsabilizar quem de direito”.

Por outro lado, afirma, “é até irresponsabilidade” supor que o Crusp não precisa de vigilância. “Como imaginar que num conjunto residencial de universitários, em que moram quase 200 pessoas, com 50 apartamentos ou mais, não tem que ter um porteiro? É até uma questão de segurança para eles. Agora, o porteiro querer fiscalizar as pessoas é outro departamento, que não posso comungar e não comungo”.

Quanto à autonomia dos estudantes nos espaços do Crusp e sua maior participação nos processos seletivos para os programas de permanência, o coordenador pensa que é possível aumentar a participação, mas se opõe à autogestão. “Essa reivindicação é prematura. Eles têm assento [nos colegiados]. No que diz respeito ao critério de seleção, eles nunca deixaram de opinar, pelo que sei”.

 

Informativo n° 307

EXPRESSO ADUSP


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