Universidades Privadas
Intervenção agrava a crise na PUC
A decisão de dom Cláudio Hummes, cardeal arcebispo de São Paulo, de intervir na gestão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nomeando dois representantes seus para tutelar a Reitoria da instituição, terminou por agravar a crise financeira e política vivida por ela nos últimos meses.
A Associação dos Professores da PUC-SP (Apropuc) e a Associação dos Funcionários (Afapuc) divulgaram, no dia 16/2, manifesto intitulado “Em defesa da autonomia e democracia universitárias”, em que denunciam o fato de que a intervenção da mantenedora (Fundação São Paulo) fere a democracia e a autonomia da PUC, pois desrespeita as eleições para Reitor e sobrepõe-se aos órgãos colegiados. “A universidade se encontra sob dupla intervenção”, dizem as entidades, “a dos bancos e a da Fundação”.
Nota da Adusp
No dia 2/1, a Adusp já divulgara nota, assinada pelo professor João Zanetic, vice-presidente, solidarizando-se com os professores daquela instituição. “Temos acompanhado com atenção a crise financeira por que passa a PUC e ficamos particularmente preocupados com as notícias de demissão de docentes e funcionários com o intuito de diminuir ou zerar o déficit mensal, exigida pelos bancos credores”, assinalou o professor Zanetic.
“Essa solução fiscal, paradigmática da política educacional do governo federal e dos governos estaduais, ameaça a qualidade da formação de quadros e da pesquisa que tem sido uma característica da PUC nas últimas décadas. Essa queda de qualidade beneficiaria os negocistas da educação superior privada, que visam apenas o lucro fácil, pois ficariam menos distantes desse referencial de qualidade”.
Exigência draconiana
O vice-presidente da Adusp acrescentava ainda que dom Cláudio Hummes, que exerce o cargo cerimonial de Chanceler da PUC, “ao endossar essa exigência draconiana dos bancos, desrespeita o Artigo 207 da Constituição Federal que afirma: ‘As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão’.”
A diretoria da Adusp reafirma que está à disposição da Apropuc para eventuais iniciativas que visem solucionar ou amenizar a atual dramática situação.
Matéria publicada no Informativo nº 207
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