A Diretoria da Adusp manifesta o seu repúdio às declarações proferidas pelo atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, durante o VI encontro anual da Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular (GBMeeting), ocorrido no dia 30 de janeiro de 2024, no Centro de Convenções da Unicamp.

Ao afirmar que a organização Parent in Science o “atrapalha muito” em sua gestão do CNPq, ele não apenas incorre em inverdades desprovidas de qualquer justificativa, mas, principalmente, desmerece e hostiliza o trabalho fundamental e internacionalmente reconhecido que esse movimento vem desenvolvendo ao longo da última década na promoção de uma academia mais justa, igualitária e livre de discriminação de gênero.

É no mínimo curioso que a sua fala tenha se iniciado constatando a importância do reconhecimento igualitário das contribuições das mulheres à ciência, situação que só pode ser alcançada mediante equidade de gênero no acesso, permanência e financiamento. Caso contrário, as mulheres (cis ou trans) e, mais especificamente, as mães e pessoas que gestam ou cuidam continuarão subjugadas por um sistema feito por e para homens cis. Assim, o seu discurso demonstra um profundo desconhecimento das desigualdades estruturais que assolam a academia, bem como denuncia a sua completa insensibilidade às demandas legítimas das mulheres na ciência.

Por fim, reconhecemos a importância de, em nota posterior, publicada no dia 2 de fevereiro, ele ter admitido que o termo “atrapalha” foi inapropriado e deselegante, colocando-se à disposição para continuar o diálogo com o movimento Parent in Science. Contudo, ele erra ao reafirmar a sua oposição a editais específicos para mulheres e, desse modo, reforçar a perpetuação sistêmica do machismo e do sexismo no meio acadêmico.

EXPRESSO ADUSP


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