Estive há 2 meses numa faculdade da USP para um bate-papo, a convite dos alunos e professores. Ao chegar à biblioteca, notei uma grande lousa numa das paredes, na qual estava escrito: “O HU é um insulto ao paciente”.

No meio da fala sobre cigarro eletrônico, que era o meu tema, fiz uma pausa e comentei o que estava escrito na lousa. Contei minha história de 40 anos no Hospital Universitário, participando de uma “ilha” dentro da saúde, sendo o nosso HU um exemplo de hospital universitário no país.

Por exemplo: em apenas um ano, só a Pediatria havia publicado 75 artigos científicos com participação em congressos da área pediátrica. Nessa época, fiz uma pesquisa no ambulatório geral e o HU tinha avaliação de 93% de “ótimo” e “bom”.

Hoje, o HU continua bom para quem consegue ser atendido, mas o problema é aquele que não consegue ser atendido. Marcar uma cirurgia por três vezes e dispensar o paciente por falta de leito (o HU tem um terço dos leitos fechados por falta de enfermagem) é muito triste para os pacientes e para os médicos.

Uma paciente do grupo antitabágico me disse que seus pais dependentes preferiam ser atendidos no HU do que no convênio médico. Hoje ela, que é professora da universidade, não consegue marcar uma consulta.

Expliquei para aqueles que estavam me ouvindo que o problema do HU começou com os planos de aposentadoria e demissão voluntária e a não reposição de funcionários. Isso levou ao fechamento de leitos, ambulatórios etc.

A alta cúpula da universidade diz que o HU recebeu a maior parte dos funcionários contratados neste ano, mas esses contratados não repõem aqueles que estão saindo hoje por aposentadoria ou partindo para empregos melhores.

A falta de vontade de melhorar essa situação não vem do corpo clínico do hospital, e sim da Reitoria da universidade. O diálogo não existe, pois, todas as vezes em que pedi contato com a Reitoria, houve negativa por parte deles. Dizem que o HU gasta muito.*

O HU pode ser um insulto para os pacientes que não são atendidos, mas ainda continua sendo um bom hospital-escola. Pena que não haja sensibilidade dos nossos dirigentes para com a população que precisa desses leitos hoje fechados.

* Obs.: há uma unidade dentro da USP que gasta mais do que o HU – é a própria Reitoria.

EXPRESSO ADUSP


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