O Plano de Saúde Bradesco, administrado pela Qualicorp, impôs um reajuste anual de 9,90% aos seus segurados. Trata-se do antigo plano operado pela Fundação de Apoio à USP (FUSP), cujos beneficiários viram-se compelidos a migrar para a Qualicorp em 2019. O aumento foi comunicado em 26/6: “Sem comprometer a qualidade do plano, a Qualicorp e a Bradesco negociaram a aplicação do menor índice, que foi definido em 9,90%”.

Em 2019 a inflação fechou em 4,31%. Neste ano a previsão é de 1,5%. Por outro lado, os docentes da USP tiveram um reajuste salarial de apenas 2,2% em 2019. E o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) sinalizou que não pretende conceder qualquer reajuste em 2020.

No mesmo e-mail, a Qualicorp e sua parceira anunciaram que a cobrança do novo valor será postergada: “Julho é o mês do reajuste anual de seu contrato. Porém, em razão da situação que o Brasil e mundo vêm enfrentando por conta da pandemia do novo coronavírus, a Bradesco decidiu suspender a aplicação do reajuste anual neste mês tão crítico. A data-base (julho) do seu reajuste permanece inalterada. A cobrança retroativa referente ao mês de suspensão acontecerá em outubro de 2020” (destaques no original). Desta forma, as mensalidades do plano serão majoradas a partir de agosto, “por conta da suspensão, e o valor retroativo a julho será cobrado em outubro”.

O teor da mensagem e sua linguagem publicitária indignaram o professor Augusto Massi, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que decidiu enviar um protesto às empresas.  

“Caros diretores da Qualicorp e Bradesco”, escreveu ele, “considero este reajuste anual um enorme desrespeito. Em plena pandemia? Chega a ser uma afronta! Ninguém, absolutamente ninguém, está tendo reajuste salarial. Em que país vocês vivem? Na condição de professor da Universidade de São Paulo, julgo ofensivo neste momento apresentar um reajuste, ainda mais acima de qualquer valor da inflação real”.

Massi qualificou como “uma pérola” a justificativa institucional apresentada: a de que Qualicorp e Bradesco “negociaram a aplicação do menor índice, que foi definido em 9,90%”. “Falta total de sensibilidade! Fica evidente que vocês não podem ser incluídas entre as empresas ditas e tidas verdadeiramente como solidárias e dotadas de políticas mínimas e básicas de cidadania”, afirmou na mensagem. “Registrada aqui minha absoluta indignação. E prometo lutar para que revoguem este reajuste”.

EXPRESSO ADUSP


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