Sarau
Adusp 35 anos, alegria e memória no Sarau
Daniel Garcia |
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Docentes e convidados prestigiaram o sarau de 27/10 |
A alegria suscitada pelo reencontro de antigos camaradas. O excelente humor irradiado pelo principal expositor da noite, professor Modesto Carvalhosa, e que contaminou todos os presentes. A reiteração da importância da Associação dos Docentes da USP na luta pela democracia, bem como da necessidade de denunciar incansavelmente a Ditadura Militar (1964-1985), não deixando que seus crimes caiam no esquecimento. Tais fatos marcaram o Sarau realizado em 27 de outubro na sede da Adusp, na comemoração do trigésimo-quinto aniversário de fundação da entidade, criada em 1976.
O Sarau contou com a presença de vários ex-presidentes e ex-diretores, a começar por Carvalhosa, que encabeçou a primeira diretoria eleita, e Judith Klotzel, primeira mulher a presidir a Adusp. Foram homenageados pela professora Heloísa Borsari, atual presidente, todos os ex-presidentes da entidade, três deles já falecidos: Crodowaldo Pavan (que liderou a diretoria provisória), Braz Araújo e Jair Borin.
O professor Carlos Baldijão, que participou da gestão de Carvalhosa, foi incumbido de fazer um rápido comentário sobre o primeiro docente eleito para presidir a Adusp. Ele destacou o fato de Carvalhosa ser um advogado conceituado, seu envolvimento e preocupação com as questões urbanísticas e de meio ambiente — e as disputas que enfrentou, como a briga, afinal vitoriosa, para impedir que o governo demolisse o prédio do colégio Caetano de Campos.
Baldijão pontuou momentos decisivos das fases iniciais da Adusp, como a tentativa de realizar a SBPC na USP, depois que a Ditadura proibiu sua realização em Fortaleza, na Universidade Federal do Ceará; a luta contra o chamado “terceiro estágio”, que consistia na triagem ideológica dos candidatos a docente; a elaboração do Livro Negro da USP e a primeira luta salarial, em 1978 (governo Paulo Egydio); e a greve de 1979 (governo Paulo Maluf).
Emocionante
Daniel Garcia |
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Diretores de várias gestões celebram os 35 anos |
“É um encontro muito emocionante”, expressou o professor Carvalhosa ao iniciar sua exposição. Citou a professora Judith, “minha querida companheira de lutas, fazia tudo com juízo, ponderação e efetividade”, José Carvalheiro, “enfant terrible de Ribeirão Preto, grande professor”, Francisco Miraglia, “sempre um galã, dominava as assembleias”, Mário Gonzalez, “representante da comunidade latino-americana, queridíssimo amigo”, Luiz Menezes, “agitador político terrível, fazia articulações inacreditáveis, grande líder da greve”, e Baldijão, “companheiro inseparável, ficávamos conspirando o tempo inteiro”.
Ao rememorar as lutas travadas contra a Ditadura, Carvalhosa defendeu a participação da Adusp no debate político nacional. “Nossa luta tinha um discurso civil, não era um discurso político. Embora a finalidade fosse política, o discurso era civil”, explicou. Mas essa contradição não era a única: “Nossa greve na verdade não era salarial, era para abalar a autoridade do governo. Nunca recebi tantos aplausos como quando falei, numa assembleia: ‘Maluf, filho bastardo da Ditadura!’”
A Universidade tinha sido humilhada “no seu próprio seio”, lembrou Carvalhosa: “Alguns professores aproveitaram para cassar e perseguir seus colegas”. O enfrentamento dessa situação desaguou no Livro Negro e na greve. “Era uma coisa muito prazeirosa estar naquela luta por uma questão fundamental: a própria redenção do país. A Adusp teve uma presença importantíssima na redemocratização do Brasil”.
As atrocidades praticadas pelo regime militar não podem ser esquecidas, enfatizou o ex-presidente da Adusp: “É importantíssimo que não deixemos que a Ditadura Militar no Brasil passe para a história”, frisou. “Tem que ser um movimento permanente de reavivar esse fato: o Estado que rompeu sua relação com a sociedade, perseguiu, massacrou a sociedade, suprimiu os direitos humanos, deve ser lembrado para todas as gerações. Devemos sempre comemorar, no sentido ambíguo da palavra, o fato de termos passado por uma Ditadura terrível. A Ditadura não pode voltar”, reforçou. Mencionou exemplos, como o caso da Argentina, que “não deixa passar a Ditadura para a história” e onde militares torturadores estão sendo condenados à prisão perpétua.
Ao final da exposição do professor Carvalhosa, a palavra foi franqueada ao público. A conversa foi animada por relatos espirituosos, seguidos de crepes e vinho.
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