Serviço Público
Aplicativo de recadastramento do governo estadual continua a apresentar falhas; na FFLCH, grupo de docentes não consegue obter reconhecimento facial; na EACH, há quem se recadastre sem incluir dependentes
O governo estadual, diante de inúmeras reclamações, ampliou o prazo de recadastramento obrigatório do funcionalismo público estadual, porém o aplicativo digital desenvolvido com esse fim continua apresentando problemas, mesmo depois de algumas modificações introduzidas para corrigir as falhas existentes. Tanto o reconhecimento facial quanto o cadastramento de dependentes são procedimentos que se mostram, eventualmente, impossíveis de realizar por meio do aplicativo.
“Já tentei inúmeras vezes realizar o meu recadastramento pelo app sou.sp.gov.br, porém, não consigo realizar a prova de vida”, relata o professor Osvaldo Luis Angel Coggiola, do Departamento de História Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). “Vocês poderiam me auxiliar?”, indagou ele ao Escritório de Apoio Institucional ao Pesquisador (EAIP-FFLCH), que encaminhou a solicitação para a equipe técnica do “Sou.SP”.
Embora a unidade tenha, por iniciativa própria, montado um serviço de auxílio que Coggiola descreve como “muito eficiente”, ainda assim há um grupo de docentes que não consegue se recadastrar. “Sou estrangeiro e tenho CNH [Carteira Nacional de Habilitação]. O sistema não consegue fazer o reconhecimento facial. Só na última semana, em três dias seguidos, usei as cinco tentativas, fui até em estúdio de gravação com iluminação profissional e mudei de aparelho celular com Android e IOS, mas não obtive êxito”, conta o professor da FFLCH.
Coggiola é argentino. Mas alguns de seus colegas de unidade, brasileiros, também não obtêm sucesso. “Não conseguimos nem com a maior parafernália imaginável”, diz o docente. Nesta sexta-feira (22/3), a equipe técnica do “Sou.SP” respondeu ao EAIP e ao docente, orientando “que faça a reinstalação do aplicativo, atualização, limpeza de cache e instalação do aplicativo gov.br no seu dispositivo e tente acesso novamente”.
Na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), alguns docentes só conseguiram recadastrar-se depois de um longo período de tentativas frustradas. “Depois de várias tentativas consegui fazer o recadastramento, mas o sistema diz que eu não tenho dependentes e não consegui mudar isso”, relata ao Informativo Adusp Online a professora Andrea Viude, que tem três dependentes.
“Na área de ‘sexo’ eu não tive a opção de mudar, o sistema deixou em branco. Como achei que isso não afetaria meu recadastramento, não me preocupei. Mas é mais um indicativo de que esse sistema não foi bem planejado, tampouco bem feito”, diz Andrea.
“Por 17 anos fiz o recadastramento sem problemas e agora foi muito complicado. Tenho os e-mails do Fale Conosco do sistema mandando eu falar com nosso RH e e-mail do DRH pedindo para eu falar com o Fale Conosco do Sou.SP”.
O professor André Simões, também da EACH, conseguiu se recadastrar depois de quase um mês tentando. “Foi muito difícil, tive estresse com isso. Imagino que muitos colegas docentes e funcionários técnico-administrativos, muita gente sofreu, e não só na USP. Um absurdo completo”, lamenta. Porém, da mesma forma que sua colega, Simões não foi bem sucedido na tentativa de cadastrar dependentes: “Isto me preocupa bastante”, admite.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- STF nega suspender privatização da Sabesp, e governo do Estado conclui “liquidação” da companhia
- Novo Plano Nacional rebaixa previsão de investimento público em educação e adia mais uma vez a meta de destinar 10% do PIB à área
- Justiça extingue ação contra escolas “cívico-militares” em São Paulo; unidades que quiserem aderir ao modelo devem se inscrever até o final de julho
- Escola Estadual Vladimir Herzog recua da intenção de aderir ao modelo “cívico-militar” de Tarcísio, e MP-SP pede que a Justiça declare nula a lei que criou o programa
- Privatização da Sabesp vai na contramão da experiência internacional e visa o lucro, não o serviço público, dizem pesquisadores; partidos ingressam com ADPF no Supremo