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Mulheres exigem combate efetivo ao assédio e ao desrespeito aos seus direitos na USP

Piquenique feminista na Praça do Relógio, na Cidade Universitária do Butantã, celebrou o Dia Internacional da Mulher nesta quarta-feira (11/3). Em seguida, uma comissão foi recebida na Reitoria pelo coordenador-executivo do Gabinete do Reitor
A Adusp, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a Rede Não Cala! e o Diretório Central dos Estudantes “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE-Livre) organizaram coletivamente um piquenique feminista na Praça do Relógio, no câmpus do Butantã, nesta quarta-feira (11/3). A iniciativa integra a programação #8M na USP, que inclui diversos eventos relacionados ao Dia Internacional da Mulher. A defesa dos direitos das mulheres estudantes, docentes e trabalhadoras efetivas e terceirizadas pontuou as falas das representantes das entidades.
“Queremos denunciar a lógica machista e patriarcal que, como na nossa sociedade, também impera na Universidade de São Paulo”, afirmou a professora Michele Schultz Ramos, 1a vice-presidenta da Adusp. A professora citou algumas das pautas levantadas pelo movimento, cobrando da Reitoria providências com relação às creches – como a reabertura da Creche Oeste –, ao Hospital Universitário (HU) e à efetivação de um centro de referência, “cujo projeto foi entregue há anos”, lembrou.
“É preciso que as docentes, funcionárias e estudantes tenham possibilidade de seguir o seu curso acadêmico e profissional sem sentir a maternidade como um problema, como nos disse recentemente um dos membros da Reitoria”, afirmou, referindo-se às dificuldades enfrentadas pelas mulheres que têm filhos. “Não adianta instalar um escritório USP Mulheres sem haver política eficaz de inclusão, de eliminação do preconceito, da violência e dos casos de assédio.”
A falta de vagas e a precarização do trabalho nas creches também foram citadas por outras oradoras no ato. Ana Cristina Alves, trabalhadora das creches da USP há vinte anos e membro da diretoria do Sintusp, ressaltou que houve uma queda drástica no número de crianças atendidas: há poucos anos, eram cerca de 680, e atualmente são menos de 130.
Patricia Galvão, da Secretaria de Mulheres do Sintusp, afirmou que o direito à maternidade é prejudicado pela falta de vagas nas creches e pela ausência de condições e estrutura para as mães que eventualmente precisam trazer os filhos ao local de trabalho. Referindo-se ao cenário nacional, afirmou que “não é por acaso que temos um aumento de feminicídios no país num contexto de governos misóginos como o de Bolsonaro e o de João Doria”.
A professora Heloisa Buarque de Almeida, docente do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), lembrou que a Rede Não Cala! é um movimento feminista fundado por conta dos casos de violência sexual dentro do ambiente da USP. “Queremos o enfrentamento efetivo das questões de assédio sexual e moral que ainda acontecem nesta universidade, e que se pare de proteger professores assediadores que estão subindo na carreira”, afirmou.
A estudante da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) Julia Köpf, da diretoria do DCE-Livre, salientou que o 8 de março é um dia muito importante, mas que é necessário “promover a construção feminista e a ocupação dos espaços de fala e de poder durante o ano inteiro”.
Após uma longa espera em frente ao prédio da Reitoria, uma comissão de representantes da organização do ato foi recebida pelo coordenador-executivo do gabinete do reitor, procurador Carlos Eduardo Trevisan de Lima, e entregou um folheto com as reivindicações das entidades e um documento relatando os problemas das creches e cobrando soluções.
As participantes do piquenique encerraram o ato com uma caminhada até a Creche Central. O Informativo Adusp vai publicar nesta quinta-feira (12/3) uma reportagem detalhada sobre a reunião na Reitoria.
A agenda feminista na USP prevê outras duas atividades: nesta quinta 12/3, no câmpus de Ribeirão Preto, a mesa-redonda “8 de Março na USP”, no Anfiteatro Lucien Lison; e no sábado 14/3 o ato público “Quem mandou matar Marielle? Dois anos de luto e luta por justiça!”, na Avenida Paulista às 17 horas, com concentração na Praça do Ciclista.
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