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Pessoas pretas, pardas e indígenas ainda somam apenas 21% do corpo discente da graduação, revela levantamento baseado no Anuário da USP
05/08/2022 17h54
Um levantamento realizado pela Adusp, com base na edição de 2022 do Anuário Estatístico da USP que traz dados do ano de 2021, sugere que os percentuais de estudantes preto(a)s, pardo(a)s e indígenas nos cursos de graduação e pós-graduação são bem menores que os alardeados pela Reitoria. Estudantes branco(a)s continuam constituindo larga maioria tanto na graduação como na pós-graduação. Os dados do Anuário baseiam-se nas informações prestadas pelo(a)s próprio(a)s estudantes, parte do(a)s quais prefere abster-se de declarar a que raça pertence ou julga pertencer.
De acordo com o Anuário 2022, o total de 60.817 aluno(a)s de graduação existente em 2021 distribuía-se da seguinte forma no tocante à etnia e raça: branco(a)s, 38.528 ou 63,35%; pardo(a)s, 9.990 ou 16,43%; amarelo(a)s, 3.070 ou 5,05%; preto(a)s, 2.906 ou 4,78%; indígenas, 73 ou 0,12%. Deixaram de informar esse dado 6.250 graduandos (10,28%).
Assim, o contingente de pessoas amarelas, pretas, pardas e indígenas (APPI) soma 16.039 ou 26,37% do total de estudantes de graduação. Já as pessoas pretas, pardas e indígenas (PPI), conforme estratificação elaborada pela Adusp, são 12.969 ou 21,32%. Portanto, embora tenha havido inegável avanço no tocante a maior diversidade social do corpo discente, o sistema de cotas empregado pela USP ainda não conseguiu alterar substancialmente a desigualdade racial.
Na página “VempraUSP!”, a Reitoria divulgou em 10/6/21 dados que induzem uma certa confusão: “Em 2021, a USP registrou o índice de 51,7% de alunos matriculados oriundos de escolas públicas em seus cursos de graduação e, dentre eles, 44,1% autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI).”. Esse mesmo dado foi utilizado numa tabela intitulada “Evolução da Inclusão Social”, que apresenta esses percentuais como se fossem complementares: 51,7% EP (Ação Afirmativa Escola Pública) e 44,1% PPI (Ação Afirmativa Preto, Pardo e Indígena), quando o segundo deles é, na verdade, um recorte do primeiro.
Na pós-graduação, que conta com 45.503 estudantes, o número de quem deixou de informar a que etnia ou raça pertence foi superior a metade: 25.870 ou 56,85%. Quem informou se distribui da seguinte forma: branco(a)s, 15.376 ou 33,79%; pardo(a)s, 2.631 ou 5,78%; preto(a)s, 872 ou 1,92%; amarelo(a)s, 690 ou 1,52%; indígenas, 64 ou 0,14%. É importante registrar que o alto índice de pós-graduando(a)s que não informaram etnia ou raça deve-se, provavelmente, ao fato de Reitoria só ter começado a registrar tal dado em 2020, com início da publicação no Anuário de 2021. Assim, temos de considerar que a opção da ‘não informação’ não foi do(a)s estudantes. O dado inclui, portanto, pessoas que ingressaram antes de 2020 e que ainda estão matriculadas e as pessoas que de fato não informaram.
Portanto, na pós-graduação o agrupamento APPI soma 4.257 estudantes, o equivalente a 9,36%, enquanto o agrupamento PPI conta com 3.567 ou 7,84%. No entanto, deve-se reiterar que o grande número de não declarantes lança dúvidas sobre a aferição.
Outro dado importante levantado pela Adusp no Anuário 2022, relativo a 2021, é a composição étnico-racial do corpo docente. O número de docentes efetivo(a)s informado pelo Anuário já é, de per si, estarrecedor: apenas 5.190, para uma universidade que se ampliou extraordinariamente nos últimos vinte anos e que já chegou a ter mais de 6 mil professores e professoras na ativa. Dos 5.190, somente 133 (2,56%) deixaram de informar o dado étnico ou racial, o que favorece uma avaliação realista.
O quadro é desolador, do ponto de vista da diversidade. Branco(a)s representam esmagadora maioria, somando 4.740 docentes ou 91,33% do total. A seguir vêm amarelo(a)s, com 197 (3,80%), pardo(a)s com 94 (1,81%), preto(a)s com 25 (0,48%) e um(a) único(a) indígena ou 0,02%! Docentes APPI são 317 ou 6,11%, enquanto PPI somam 120 ou 2,31%.
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