No dia 25/11, o Centro Acadêmico Adriana Sparenberg (CAAS), do curso de graduação de Terapia Ocupacional, encaminhou carta aberta ao reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr. na qual solicita a “contratação imediata de docentes” para os cursos de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Nutrição e Metabolismo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Até o momento não houve resposta da Reitoria.

A reivindicação é endossada pelos centros acadêmicos de Fonoaudiologia (CAJAAO), de Nutrição e Metabolismo (Cejoca), de Ciências Biomédicas (CAMG), de Fisioterapia (CEFisio), de Informática Biomédica (CEIB) e de Medicina (CARL), bem como pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre).

“É de extrema urgência a contratação de docentes por meio da abertura imediata de concursos públicos ou renovação de contratos temporários. A falta de docentes compromete o funcionamento e seguimento dos cursos [de] Fonoaudiologia, Nutrição e Metabolismo e Terapia Ocupacional. Nos cursos mencionados não há docentes suficientes para ministrar as disciplinas no próximo ano (2023)”, advertem os centros acadêmicos.

Na avaliação do CAAS e demais centros, a situação atual “interfere na continuidade do semestre” e coloca em risco a aprendizagem dos estudantes. “Ademais, vale ressaltar que a ausência de docentes prejudica o período ideal de formação dos graduandos, já que para o ano de 2023 boa parte das disciplinas não terão professores para serem ministradas”, continua a carta.

“No ano de 2023 irá ocorrer o processo de Renovação e Reconhecimento dos cursos, por parte da Secretaria Estadual de Educação, e virá uma comissão avaliar os cursos e ver o andamento de cada um. A questão da quantidade de docentes já vem sendo trazida desde 2018, ano do último encontro, o que explicita o quão urgente é essa situação. A principal diferença é que atualmente chegamos em uma situação na qual faltam docentes para continuar com o andamento dos cursos”.

No entender dos centros acadêmicos, se essa situação for exposta os cursos poderão perder a validade, “o que fará com que os diplomas não sejam mais reconhecidos, ou seja, toda a dedicação e empenho dos alunos não terá valido de nada”, pois eles não poderão atuar na área que escolheram com seus diplomas.

TO perderá mais 3 docentes em 2023 “e não tem previsão de concurso”

Recentemente, prossegue o documento, “acompanhamos a situação dos cursos de Biblioteconomia e Pedagogia, os quais estão sofrendo com a falta de docentes há muito tempo, resultando na ausência de professores para ministrar aulas aos futuros ingressantes dos cursos”, o que coloca em risco a própria existência desses cursos e, assim, a formação de futuro(a)s profissionais. “Não queremos que isso aconteça nos nossos cursos, mas estamos caminhando para a mesma situação, principalmente a Terapia Ocupacional, que no ano de 2023 irá perder 3 docentes de uma vez e não tem previsão de concurso”.

A carta inclui uma tabela com dados sobre a escassez de docentes, segundo a qual no 1º semestre de 2023 doze disciplinas do curso de Terapia Ocupacional estarão sem docentes ou não terão docentes em número suficiente para ministrar uma parte dos créditos. Constam dela uma disciplina de primeiro ano (RCG1031 – Ocupação Humana e Recursos Terapêuticos II – Recursos Artísticos e Culturais), duas de segundo ano (RCG3035 – Ocupação Humana Técnicas e Recursos Terapêuticos; RCG2043 – Ocupação Humana e Recursos Terapêuticos IV – Brincar) e duas de terceiro ano (RCG3006 – Dinâmicas e Abordagens Grupais e TO; RCG4018 – Pesquisa em TO I).

Porém, conforme a tabela, a pior situação é a do quarto ano, pois nada menos que sete disciplinas sem docentes são elencadas: RCG4031 – TO Aplicada às Condições da Criança e do Adolescente III; RCG4032 – Práticas Supervisionadas da Criança e do Adolescente III; RCG4033 – Terapia Ocupacional Aplicada às Condições do Adulto III; RCG4034 – Práticas Supervisionadas do Adulto III; RCG4035 – Terapia Ocupacional Aplicada às Condições do Idoso III; RCG4036 – Práticas Supervisionadas do Idoso III; e RCG4037 – Ocupação Humana e Recursos Terapêuticos IX – Educação.

“É extremamente frustrante e desgastante estar nesse processo e ver como nosso curso vem sendo ignorado pela Reitoria. Essa situação não é de hoje e certamente não será resolvida agora, o que nos deixa incertos quanto a um futuro na graduação, porque não conseguimos nem ter a confirmação de que vamos nos formar no período ideal”, declarou ao Informativo Adusp a estudante Luiza Salomão Tazinaffo, presidenta do CAAS.

“Mandamos uma carta ao reitor, mas ele não respondeu. Novamente, é frustrante não termos visibilidade na faculdade nem acesso ao reitor. Esperamos que esse problema seja solucionado, em parte, com a renovação dos contratos para 2023, da forma mais rápida possível, a fim de não prejudicar ainda mais o andamento do curso”.

Em abril de 2022, o déficit de docentes efetivos na USP chegou a exatos 1.000, em comparação ao quadro existente em 2014. A situação decorre da política de austeridade fiscal (“Parâmetros de Sustentabilidade Econômico-Financeira”) implantada pela gestão M.A. Zago-V. Agopyan e mantida pelas gestões posteriores, que represou a reposição de docentes nas vagas abertas por aposentadorias e falecimentos e incentivou, como paliativo, a contratação precarizada de docentes temporário(a)s em jornadas reduzidas.

Cenário de quase colapso e insatisfação estudantil em cursos da FOB, FAU, Filô e FMRP

Como resultado do cenário de quase colapso vivido pelo corpo docente de diferentes unidades, a insatisfação estudantil converteu-se em variadas formas de protesto nos cursos de Medicina de Bauru (FOB), de Design (FAU), de Pedagogia e de Biblioteconomia e Ciências da Informação (FFCLRP, ou “Filô”), e agora no de Terapia Ocupacional (FMRP).

A Reitoria tem adotado postura arrogante em relação a essas reivindicações, o que suscitou manifestação crítica da Diretoria da Adusp. Durante a recente ocupação do Bloco Didático da Filô por estudantes que exigiam contratação imediata de docentes, o reitor recusou-se a qualquer diálogo e chegou a deixar apressadamente a posse da nova direção da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) para não ter de conversar com representantes do movimento que foram procurá-lo.

Em reunião com a Diretoria da Adusp realizada em 23/11, Carlotti Jr. reafirmou o compromisso da sua gestão com a reposição do quadro docente relativamente a 2014, incluindo o período de seu mandato. O número inicial é de 876 contratações por concurso público. As reposições referentes às perdas ocorridas em 2022 e 2023 só ocorreriam a partir de 2024.

EXPRESSO ADUSP


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