A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo, Adusp, considera que grande parte dos problemas da USP deriva da ausência de democracia nas diferentes instâncias que compõem a sua estrutura de poder, realidade que fica sempre mais evidenciada a cada novo processo eleitoral na universidade.

Dada a proximidade da eleição da lista tríplice para a gestão reitoral 2026-2029, que ocorrerá em novembro, e com vistas a fomentar o debate sobre o déficit democrático do sistema de escolha da administração, a Diretoria da Adusp lançou a nota “A escolha da reitora ou reitor da USP e a urgente democratização da universidade”.

Valendo-se de gráficos e ilustrações, a nota explica como funciona o processo sucessório da Reitoria da USP, no qual a votação cabe a um colégio eleitoral reduzidíssimo — composto por cerca de 2% da comunidade — que elege uma lista tríplice de chapas de candidatos a reitor(a) e vice-reitor(a). Essa lista com as três chapas mais votadas é encaminhada então ao governador do estado, a quem cabe a escolha da próxima reitora ou reitor e vice.

“A comunidade universitária da USP é composta por cerca de 97 mil estudantes, 5 mil docentes e 15 mil servidores técnico-administrativos, somando mais de 117 mil pessoas. No entanto, apenas uma fração muito pequena desse universo participa efetivamente do processo eleitoral para reitor(a): ao todo, são aproximadamente 2 mil eleitores na Assembleia Universitária, ou seja: menos de 2% do total. Enquanto cerca de um terço dos docentes têm direito a voto, entre estudantes e servidores técnico-administrativos a representação é mínima, não chegando a 0,5%”, ressalta a nota.

A Diretoria da Adusp demonstra ainda que, no colégio eleitoral da universidade, “cerca de 90% dos assentos são ocupados por docentes, enquanto os estudantes representam apenas 7% e os servidores técnico-administrativos, 3%”. “Esse arranjo fere o princípio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), segundo o qual cada colegiado encarregado da escolha de dirigentes deve ter no máximo 70% de docentes.”

O contraste é nítido na comparação com as outras universidades estaduais paulistas. “Na Unicamp, o colégio eleitoral tem 60% de docentes, 20% de funcionários e 20% de estudantes e na Unesp, a composição é de 70% de docentes, 15% de funcionários e 15% de estudantes”, lembra a Diretoria da Adusp.

A nota registra ainda que “a Adusp, historicamente, defende eleições diretas e paritárias, sem lista tríplice e abertas a qualquer docente”. “Nesse modelo, a comunidade universitária elegeria diretamente o(a) reitor(a), com votos ponderados de modo que cada categoria (docentes, servidoras e servidores técnico-administrativos e estudantes) tivesse o mesmo peso no resultado final.”

EXPRESSO ADUSP


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