A Reitoria da USP publicou no Diário Oficial do Estado (D.O.E.) de 31 de março as “Demonstrações Contábeis do Exercício de 2024”, que comprovam uma situação de notável saúde financeira da instituição. O número mais impressionante é o que corresponde ao saldo final do exercício: R$ 7.889.397.755,37, que representa uma variação de 18% em relação ao saldo final de 2023, já bastante expressivo, de R$ 6.683.135.440,20.

Em outras palavras, entre um ano e outro a universidade acumulou mais R$ 1,2 bilhão ao seu caixa! Além do desempenho favorável da economia e da arrecadação estadual de ICMS, uma vez que cabe à USP receber um repasse anual de 5,02% da Quota-Parte Estadual desse tributo, a explicação para volume tão expressivo de recursos entesourados é a continuidade da política de compressão salarial conduzida pela gestão Carlotti Jr.-Nascimento Arruda.

De acordo com as notas explicativas publicadas no D.O.E., o orçamento da USP, consignado na lei 17.863/2023 (LOA 2024), fixou a despesa no valor de R$ 7.665.626.862,00. “Durante o exercício, em virtude de suplementações e reduções, o orçamento atualizado passou a ser de R$ 8.157.738.772,00, um acréscimo de 6,42% em relação ao valor original previsto”.

Por outro lado, parte do repasse obrigatório recebido pela universidade referente à parcela do ICMS passou a ser controlada pelo Fundo Estadual de Saúde (Fundes) “e foi repassado como receita intraorçamentária, enquanto o restante como repasse financeiro, resultando no total de R$ 8.282.095.301,00”. Quanto às despesas empenhadas, “totalizaram o valor de R$ 7.465.724.909,09, gerando uma economia orçamentária de 8,48% em relação à dotação atualizada”.

Outro dado muito expressivo é o elevado superávit financeiro da USP nos dois últimos anos, registrado nas “Demonstrações Contábeis”, que foi de R$ 3,831 bilhões em 2023 e saltou para R$ 4,953 bilhões em 2024, um acréscimo de R$ 1,1 bilhão que se aproxima da variação registrada entre os respectivos saldos de caixa.

Não obstante tudo isso, a Creche Oeste permanece fechada e abandonada desde 2017, e a Reitoria pretende repassá-la à Prefeitura Municipal de São Paulo, porque o reitor Carlotti Jr. garante não dispor do numerário para a contratação de quarenta funcionárias(os). O Hospital Universitário (HU) continua padecendo de crônico subfinanciamento.

Além disso, os salários do corpo funcional da USP estão defasados em 16,5% (considerando a inflação entre maio de 2012 e fevereiro de 2025) — razão pela qual esse índice de reposição deverá constar da pauta de reivindicações a ser apresentada pelo Fórum das Seis aos reitores, na campanha desta data-base. Como agravante, as condições de trabalho e estudo estão cada vez mais insalubres por falta de manutenção e climatização das edificações, desatualização e escassez de vários equipamentos (computadores, cadeiras, caixas de som, microfones etc) e número insuficiente de servidores(as) docentes e técnico-administrativos(as).

EXPRESSO ADUSP


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