A Reitoria da USP, após romper as negociações com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), representado no caso por seu advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, sobre a tripulação das embarcações de pesquisa do Instituto Oceanográfico (IO), ordenou que o “Alpha Crucis” e o “Alpha Delphini” fossem desocupados pelos tripulantes nesta quarta-feira (4/10), para que a empresa terceirizada contratada assuma o controle de ambos. A tripulação, com apoio do Sintusp, resiste e decidiu não abandonar as embarcações.

Ainda de acordo com o Sintusp, a Reitoria determinou ao comandante do “Alpha Crucis” que retirasse Solange Veloso, Alexandre Pariol e Neli Wada, integrantes da diretoria do sindicato que lá se encontravam, mas o comandante se recusou. Até esta quinta-feira (5/10) tripulantes e diretores permaneciam nas embarcações, ancoradas no pier 8 do Porto de Santos.

No primeiro semestre do ano, a Reitoria retirou da folha de pagamento os 26 marinheiros do IO, que durante anos (em alguns casos, décadas) foram funcionários celetistas da USP. Desde então, vinha negociando com o Sintusp uma solução para a repentina decisão de anular as respectivas contratações. Afinal de contas, os erros no processo de admissão foram cometidos pela própria USP e não pelos marinheiros.

Sintusp e Fórum das Seis divulgam manifestações de apoio

O Sintusp divulgou nesta quinta uma “Carta aberta a população e à comunidade USP contra as demissões sumárias dos Trabalhadores dos navios do IO-USP!!!”, no qual critica a argumentação utilizada pela Reitoria no caso dos marinheiros e cita diversos casos em que a universidade não atuou com o mesmo rigor para resolver irregularidades que ela própria criou.

“Esta Universidade já teve 5.725 empregos públicos irregulares autuados pelo Tribunal de Contas do Estado, em 2007, todos regularizados à época, pelo próprio Tribunal de Contas, devido a uma grande greve dos funcionários e estudantes”, diz a carta, segundo a qual, ainda, a Procuradoria Geral da USP “tem em seus quadros procuradores que não prestaram concurso público e foram alçados ao cargo de procurador com penadas de caneta do reitor Rodas”.

O Fórum das Seis, que congrega as entidades sindicais e estudantis da Unesp, Unicamp, USP e Centro Paula Souza (Ceeteps), emitiu nota de apoio aos marinheiros desligados, na qual exorta a Reitoria da USP a “buscar uma solução que preserve os empregos e direitos dos trabalhadores”. Ainda, o Fórum solicita uma reunião com a Reitoria da USP “para estabelecer o diálogo sobre o assunto”.

Além disso, os tripulantes do “Alpha Crucis” e do “Alpha Delphini” receberam apoio dos deputados federais Ivan Valente, Sâmia Bomfim e Luciene Cavalcante, e do deputado estadual Carlos Giannazi, todos do PSOL de São Paulo, e do senador Paulo Paim (PT-RS).

EXPRESSO ADUSP


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