Democracia na USP
“Poder e democracia nas Universidades Públicas”

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Debate na Capela, no campus de Ribeirão Preto |
A Adusp Regional Ribeirão Preto promoveu, no dia 27/6, a mesa-redonda “Poder e democracia nas Universidades Públicas”. Conduzida pelo professor José Marcelino, diretor regional da Adusp, a mesa-redonda contou com a participação dos professores Edmundo Fernandes Dias (Unicamp), Alice Helena Campos Pierson (UFSCar) e Elisabeth Spinelli de Oliveira (USP) e do estudante Luis Eduardo Trevisan, do DCE.
“O Estatuto da USP é um fantasma. É como se estivesse congelado o espírito da Ditadura Militar”, declarou o professor José Marcelino ao abrir o debate.
A professora Alice Pierson, ex-pró-reitora de graduação da UFSCar, relembrou a luta pela autonomia naquela instituição, onde se buscou “uma idéia de que a Universidade pode ser democrática, pode ser autônoma, isso não é nada que se contraponha à preocupação com a excelência”. De acordo com a professora, “excelência não significa superioridade, que você tenha que se impor frente a alguém, ou que algumas pessoas que dentro do sistema acadêmico tenham atingido posições mais altas, em função da experiência, da vivência, da produção acadêmica, possuam maior poder dentro da instituição”.
Nem a Ditadura conseguiu inibir o pensamento crítico, disse o professor Edmundo Dias. “Temos que evitar falsas polarizações entre nós, atacar os problemas na raiz, e dar um combate àqueles que usam a Universidade para atender suas pesquisas e seus interesses particulares, ou partidários”. Segundo o professor, que é vice-presidente da Adunicamp, está havendo brutal redução do número de docentes e de funcionários, “portanto fazendo o que em economia chama-se a superexploração do trabalho”. No entanto, adverte, a Universidade “ainda é um território onde se pode pensar com muita liberdade; tolher a autonomia da Universidade é reduzi-la a correia de transmissão do mercado ou do governo”.
Luiz Eduardo, do DCE, considera que existe o risco de a burocracia da USP ignorar os debates da Estatuinte. “Não vão participar, não vão legitimar, vão falar: ‘O que vocês aprovaram aí?’ Não vão tentar disputar, e nem vão para o debate”. Segundo ele, os burocratas que controlam a USP tendem a, posteriormente, rejeitar no Conselho Universitário as propostas aprovadas pela comunidade universitária. Para ele, a reforma do Estatuto conduzida pela Reitoria tem como finalidade aumentar a eficiência da instituição — e não ampliar a democracia.
Matéria publicada no Informativo nº 240
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