Reitoráveis descartam renunciar à nomeação caso não encabecem a lista tríplice

No debate promovido pela Adusp em 19/11, no Auditório da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, os candidatos a reitor da USP Hélio Nogueira da Cruz (Chapa 1, “Diversidade e Excelência”), José Roberto Cardoso (Chapa 2, “Rumo ao Futuro”) e Marco Antônio Zago (Chapa 3, “Participação e Excelência”) rejeitaram um eventual compromisso público de renunciar à nomeação pelo governador, caso não sejam o primeiro nome da lista tríplice.

Nogueira, Chapa 1

A consulta acontecerá em 10/12 e a eleição de turno único em 20/12. A autora da pergunta sobre a possibilidade de renúncia foi a professora Elisabetta Santoro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, durante a terceira das quatro rodadas de intervenções abertas ao público.

Sobre a questão, Zago disse que ao não aceitar uma possível nomeação, “estaria desrespeitando uma decisão que é uma prerrogativa do governador”. “Eu estaria limitando as possibilidades de escolha do governador, que, como representante eleito pela população, tem legitimidade para tomar as suas decisões”. “Claro que se eu fosse o primeiro da lista me sentiria muito mais à vontade para ocupar o cargo de reitor”, ponderou.

Nogueira defendeu que “se o governador escolher, é preciso aceitar a indicação para reitor”. Quanto a decisões advindas do Palácio do Bandeirantes, disse ainda: “[Nós da Universidade de São Paulo] não somos soberanos, mas sim autônomos”.

Cardoso avaliou a indicação do governo como legítima, frente à atual realidade das eleições, uma vez que, segundo ele, para se escolher uma gestão democrática para a Reitoria “toda a população de São Paulo teria de poder votar”.

Cardoso, Chapa 2

Wanderley Messias, candidato a reitor pela Chapa 4, “Mantendo o Rumo”, não compareceu ao debate devido a compromisso assumido anteriormente ao convite da Adusp.

Programa Mínimo

A professora Heloisa Borsari mediou o debate, que foi dividido em três blocos. Nos dois primeiros, os candidatos expuseram seus programas e se manifestaram sobre o Programa Mínimo da Adusp para a USP. O terceiro consistiu de quatro rodadas de intervenções e questionamentos do público.

Ao abrir os trabalhos, o professor Ciro Correia, presidente da Adusp, destacou que a promoção e divulgação do debate “se dão como desdobramento da compreensão da Diretoria, do Conselho de Representantes da Adusp e da Assembleia da entidade, que entendem ser importante oferecer à categoria elementos de referência das candidaturas com relação às pautas estabelecidas no Programa Mínimo da Adusp para a USP”.

No primeiro bloco, os candidatos comentaram o Programa Mínimo e falaram sobre a democratização da universidade.

Zago, Chapa 3

Nogueira mencionou acreditar que a Universidade não está em uma grande crise. “Pelo contrário”, disse, “está em um período de vitalidade”. Apesar disso, foi o candidato que mais se mostrou preocupado com a existência de uma crise econômica na USP, portanto, disposto a combatê-la. Mencionou também que os avanços com relação às carreiras de funcionários e docentes não devem ser paralisados: “Vales são conquistas que devem ter continuidade, e reajustes se necessário”.

Já Zago ressaltou que os eixos de sua campanha têm base política e não econômica. “A crise que sentimos hoje no dia a dia [acadêmico] é política”, reforçou. Nessa perspectiva, falou da democratização da universidade como tópico essencial, de revisão do vesti­bular como única forma de acesso à graduação, da manutenção de diálogo constante com a Adusp, da necessidade de compartilhamento de poder entre reitor e vice-reitor e de valorização dos diretores, “que têm responsabilidades para além de despachantes”. Citou também a neces­si­dade de revisão da progressão na carreira: “Temos que aceitar diferentes perfis na carreira acadêmica. Valorizar a diversidade é essencial”.

Cardoso criticou a postura do atual reitor, J.G. Rodas, de não receber os diretores de unidade. “A gente não pode ficar calado”, disse, demonstrando indignação com o cenário. Citou as reformas nos prédios da Escola Politécnica, realizadas durante sua gestão como diretor, como exemplos positivos a serem repetidos em toda a universidade, caso vença as eleições. Além disso, mostrou-se entusiasta de uma realidade em que estudantes não mais aprendam apenas de maneira presencial. “Líder, é esse o perfil do aluno que imagino se formando quando eu estiver na Reitoria”.

Perguntas

No segundo bloco, foi a vez de os candidatos responderam a duas perguntas da Adusp: 1) Como a chapa avalia o curso da negociação entre a comissão da Reitoria e os estudantes, bem como a solicitação da Reitoria de força policial para promover a desocupação do prédio da Administração?; e 2) Qual a posição da chapa quanto à Estatuinte?

“Certamente a solicitação de força policial é uma violência que responde a uma violência”, avaliou Zago. “Me causa indignação ver que por oito anos [considerando as greves estudantis de 2007 e de 2013] ninguém fez nada para curar essa doença, e vivemos a crise aguda de uma doença.” Propondo uma relação permanente de diálogo entre Reitoria, estudantes e docentes para negocia­ções de greve, acrescentou: “É preciso reverter isso pela base, e não recorren­do ao cassetete. Mas também evitando que se use a marreta”.

Cardoso disse que a Polícia Militar tem que ser usada na USP, como no restante da cidade: sendo “um acessório e tendo os seus limites”. Sobre a prática do diálogo, mencionou: “Na Escola Politécnica, fiz uma agenda de reuniões bimestrais [com estudantes e fun­cioná­rios] e com isso pudemos antecipar conflitos”. Quanto à Estatuinte, acredita serem necessárias mudanças no Regimento, mas sem que o processo paralise a Universidade. “Iremos mudar pontos específicos do Estatuto”, afirmou.

“A pacificação da universidade parte do respeito. A postura da nossa chapa é de respeito e de diálogo com a Adusp, DCE e todos os órgãos. Temos que respeitar o patrimônio público da Universidade e o diálogo é o caminho mais importante para isso”, disse Nogueira. O candidato garante que, se eleito, o Conselho Universitário rediscutirá a Estatuinte em sua primeira reunião em 2014. “Tivemos uma Estatuinte em 1988 e podemos ter outra. Concordo com Zago que a opinião do reitor é a menos importante nesse processo”.

Os quatro últimos blocos foram marcados por questionamentos variados feitos pelo público. Além de comentarem a citada proposta de renúncia à nomeação (caso discrepe da ordem da lista tríplice), os candidatos expuseram suas opiniões sobre o papel da Universidade no desenvolvimento do país; a atitude que a Reitoria deve ter frente à atual situação e à criação da EACH; a relação da USP com iniciativas associadas ao ensino à distância (EàD); o papel do Hospital Universitário (HU) etc. Assista à íntegra do debate.

Informativo nº 374

EXPRESSO ADUSP


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