Campanha Salarial 2019
Intransigente, Cruesp encerra as negociações da data-base mantendo proposta de reajuste de 2,2%
Na Unesp sequer haverá reajuste. Reitores não avançaram no índice apresentado na última reunião. Fórum das Seis aponta que as categorias devem realizar assembleias até o dia 4/6 para discutir indicativo de greve a partir do dia 6/6
Bahiji Haje |
Reitores Vahan, Knobel e Sandro Valentini |
A terceira reunião de negociação entre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), no dia 27/5, não apresentou avanços. Intransigentes, os reitores insistiram em manter a proposta rebaixada de reajuste, de 2,2%, que não repõe nem a metade da inflação dos últimos doze meses. No caso da Unesp, mantém-se o reajuste zero na data-base, repetindo o cenário de 2016, que já provocou a quebra da isonomia entre as três universidades.
No comunicado divulgado na reunião anterior (16/5), o Cruesp já havia apontado que “especificamente no caso da Unesp, como a prioridade é garantir o pagamento do 13º salário de 2019, a Universidade avaliará o melhor momento para aplicar o índice aprovado pelo Cruesp, dependendo da evolução do ICMS”.
De acordo com o relato do Boletim do Fórum das Seis, “os representantes do Fórum entregaram aos reitores exemplares da cartilha com dados que mostram a viabilidade das nossas reivindicações salariais”. “A previsão de arrecadação do ICMS da Secretaria da Fazenda para 2019, de R$ 108, 2 bilhões, por exemplo, é expressivamente superior à previsão utilizada pelos técnicos do Cruesp (R$ 107 bi) e que, por sinal, é usada para justificar o reajuste de 2,2%”, aponta o boletim.
O documento do Fórum mostra que, mesmo com um reajuste de 8% na Unicamp e na USP e de 11,24% na Unesp, o comprometimento médio com folha em 2019 seria, respectivamente, de 89,82%, 86,70% e 89,31%.
As intervenções de representantes do Fórum registraram a indignação das últimas assembleias das categorias com a proposta. O presidente da Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp), João da Costa Chaves Júnior, lembrou que o forte arrocho imposto a partir de 2015 representa o confisco de quatro salários brutos na USP e na Unicamp e de cinco salários brutos na Unesp.
Nova negociação em outubro, a depender da arrecadação
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp e presidente do Cruesp, negou que haja intransigência e reafirmou a impossibilidade de avançar na proposta, mantendo os termos anteriores. A única novidade é a criação de um grupo de trabalho entre Cruesp e Fórum para debater questões relacionadas à Previdência. Os demais pontos permanecem os mesmos, registra o Boletim do Fórum das Seis:
- reajuste de 2,2% em maio (zero na Unesp);
- agendamento de negociação para meados de outubro, caso a arrecadação do ICMS chegue à previsão da Secretaria da Fazenda (R$ 108,2 bilhões) ou a ultrapasse. Para que isso aconteça, é necessário que a arrecadação, ao final de setembro, seja de pelo menos R$ 80 bilhões;
- constituição de um grupo de trabalho entre as partes para propor uma política salarial para as três universidades.
Ao final da reunião, o coordenador do Fórum, Wagner Romão, presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), enfatizou que a disposição das entidades é para o diálogo permanente, mas que é preciso haver reciprocidade. “Sabemos que as universidades passam por profundos ataques neste momento e é lamentável constatar que a política dos reitores, de forte arrocho salarial, pode levar as categorias a outras formas de reação para defender tratamento salarial digno”, disse.
Romão solicitou o agendamento de nova reunião para que as partes seguissem discutindo não apenas a questão salarial, mas também outros pontos da pauta específica. O presidente do Cruesp não concordou, dando por encerradas as negociações.
Indicativo de greve a partir de 6/6
As lideranças do Fórum das Seis apontam às categorias que realizem assembleias até o dia 4/6 para discutir o indicativo de greve por tempo indeterminado com início no dia 6/6. O Fórum volta a se reunir no dia 5/6.
O comando das entidades também indica adesão ao dia de luta em defesa da educação, nesta quinta (30/5), e à greve geral contra a reforma da Previdência, no dia 14/6.
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