Conjuntura Política
Reitor da Universidade Nacional de Rosário desmente ministro Decotelli: “Ele cursou o doutorado, mas não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor”
26/06/2020 16h42

|
“Nos vemos na necessidade de esclarecer que Carlos Alberto Decotelli da Silva não obteve a titulação de Doutor que se menciona nesta comunicação”, declarou nesta sexta-feira (26/6), na sua conta no Twitter, o reitor da Universidade Nacional de Rosário (UNR), Franco Bartolacci, fazendo referência a um tuíte postado na véspera por Jair Bolsonaro, no qual o presidente brasileiro comunica a nomeação de Decotelli como ministro da Educação e afirma que ele é Doutor por aquela instituição argentina.
Posteriormente, Bartolacci explicou à jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, que Decotelli não completou o curso: “Ele cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosário”.
A revelação do reitor da UNR suscita questionamentos sobre a idoneidade de Decotelli. Afinal de contas, a informação categoricamente contestada por ele não apenas foi divulgada por Bolsonaro, mas consta do Currículo Lattes do novo ministro, um documento oficial que deveria ser absolutamente confiável.
A novidade vinda de Rosário perturba a tentativa de alguns meios de comunicação de apresentar o novo ministro como alguém com perfil adequado para dirigir o MEC, um “moderado” fiel ao bolsonarismo, mas capaz de conduzir a interlocução com a sociedade. Postagens agressivas na rede social Twitter contra opositores de Bolsonaro, vinculadas a supostas contas mantidas por Decotelli e anteriores à sua nomeação, foram desmentidas e atribuídas a “perfis” falsos. Porém, como não há notícia de que ele tenha tentado coibir tais iniciativas, persistem dúvidas quanto à moderação que tentam associar à sua imagem.
Por falar em Twitter: o reitor Bartolacci, da UNR, adotou o seguinte mote para sua conta, inspirado no pensador italiano Antonio Gramsci: “Vivir es tomar partido”. Em tuíte postado na véspera, comentou palavras de outro autor muito conhecido dos brasileiros: “E. Galeano dizia que o direito de sonhar não figura entre os 30 direitos humanos. ‘Porém se não fosse por ele, e pelas águas que dá de beber, os demais direitos morreriam de sede’. Para isto seguimos trabalhando, para sonhar, imaginar e construir o mundo e as universidades que desejamos”.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Ato público manifesta forte apoio à FFLCH contra ataques da extrema-direita e cobra ações da Reitoria e do poder público para responsabilizar os agressores
- Assembleia Geral de 1/10 aprova atualização do “Programa da Adusp para a USP” e campanha pela restituição de 175 vagas para PPI em concursos de contratação de docentes
- Em meio a chavões típicos do mundo corporativo, CAD sinaliza que prazo para entrega do “PrADo”, que se encerra em 3 de novembro, não será prorrogado
- Unicamp rompe convênio com Instituto Technion, de Israel; “genocídio da população palestina fere princípios e valores de nossa universidade”, diz reitor
- Projeto que restitui contagem de tempo da pandemia para o funcionalismo entra na pauta da Câmara dos Deputados e pode ser votado na próxima semana