O professor Edson Wendland, diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), enviou carta à Adusp, nesta terça-feira (11/8), na qual contesta o teor da reportagem intitulada “No retorno aos laboratórios, Escola de Engenharia de São Carlos provoca protestos por impor aos pós-graduandos assinatura de ‘termo de ciência e responsabilidade’”, publicada em 7/8. 

Na carta, o professor destaca o fato de que o Comunicado da Diretoria da EESC de 5/8, ao qual foi anexado o “Termo de Ciência e Responsabilidade”, determina que “professores, servidores técnico-administrativos, pósdoutorandos, pós-graduandos e alunos de graduação devem seguir com o trabalho remoto até nova orientação da Reitoria” (em negrito no original) e que (apenas) em “situações excepcionais, membros do corpo discente poderão desenvolver suas pesquisas de laboratório presencialmente”. Portanto, a seu ver, não houve imposição do “Termo de Ciência e Responsabilidade” aos pesquisadores.

“Lamentamos a equivocada interpretação dada à iniciativa e, nesse sentido, encaminhamos, em anexo, a carta de esclarecimento enviada à Associação dos Pós-Graduandos da USP São Carlos (APG), visando elucidar a diferença entre imposição e liberdade de escolha. A ausência de divulgação do comunicado da Diretoria, do qual o referido termo sugerido era um anexo, descaracteriza o contexto e sua informação central, contribuindo para a distorcida análise”.

O diretor da EESC qualificou o episódio como “um triste equívoco editorial” da Adusp, uma vez que a direção da escola não foi consultada pelo Informativo Adusp. “Adicionalmente, lamentamos profundamente a postura da Adusp, que publicou extensa matéria baseada em um erro de entendimento, com algumas afirmações flagrantemente descabidas, sem procurar ouvir a contraparte. Infelizmente, esta Diretoria não foi procurada, tanto pela APG quanto pela Adusp, para manifestação” (leia ao final da matéria a íntegra da mensagem do professor Wendland, também disponível aqui).

Em carta à APG, diretor anuncia retirada das “situações excepcionais”

A mensagem do diretor da EESC à Adusp veio acompanhada de dois outros documentos: o Comunicado da Diretoria de 5/8 e a já citada carta da Diretoria à APG-São Carlos, datada de 10/8. Nesta última, de modo similar à mensagem enviada à Adusp, Wendland enfatiza a “interpretação equivocada [pela APG] do comunicado da Diretoria da EESC de 5 de agosto de 2020”, mesmo porque, diz, “todos os parágrafos reforçam a preocupação da Unidade com a saúde de sua comunidade”.  

A carta procura justificar o Comunicado de 5/8, o qual — “em anuência ao Documento nº 2 do Plano de Readequação para o Ano Acadêmico 2020 (PRAA‐2020)” — “informa que em ‘situações excepcionais, membros do corpo discente poderão desenvolver suas pesquisas de laboratório presencialmente’”. Nesse contexto, prossegue, “apesar da impossibilidade de garantir a absoluta segurança nesse período extraordinário, a Unidade reconhece que casos particulares, que não podem ser adequadamente avaliados institucionalmente, podem requerer atividades presenciais”, situações nas quais “faz‐se necessária a prática facultativa da liberdade com responsabilidade como alternativa à absoluta proibição institucional, respeitando em todos os momentos a diversidade e a individualidade de seus membros” (destaques no original).

A carta lamenta que a APG tenha visto tal possibilidade como “brecha para a exigência da presença dos pós‐graduandos nos laboratórios”, e recomenda: “Caso tais fatos ocorram […] procurem as instâncias competentes para a devida orientação e acompanhamento”.

Por fim, depois de reforçar que o Comunicado de 5/8  “apenas viabiliza uma excepcionalidade e não configura um ‘plano de retorno’”, o diretor da EESC anuncia a retirada do tópico relativo às situações excepcionais: “Tendo em vista o desconforto indicado pela APG, retiramos a sugestão, para reanálise, e solicitamos a todos(as) pós‐graduandos(as) que permaneçam em trabalho remoto até nova orientação da Reitoria”.

Ofício 22/20 da Diretoria fala em “retorno a partir da metade de agosto”

Apesar dos esclarecimentos do professor Wendland, são muitas as evidências de que havia um plano de retorno às atividades presenciais de pesquisa na EESC já na segunda quinzena de agosto. Assim, por exemplo, o ofício 22/20 da Diretoria da unidade, enviado em 15/7 a Chefes de Departamento, de Centros de Pesquisa e de Laboratórios de Pesquisa, inicia da seguinte forma: “O PRAA 2020, documento nº 2, elaborado pelo GT da Reitoria, estabelece que:

  • Os professores, servidores técnico-administrativos, pósdoutorandos, pós-graduandos e alunos de graduação devem seguir com o trabalho remoto até nova orientação da Reitoria. Deve-se, portanto, evitar ao máximo o retorno às suas respectivas Unidades.
  • Entretanto, o GT informa, desde já, que o retorno acontecerá de maneira escalonada e exclusivamente para pesquisa a partir da metade do mês de agosto” (destaques no original).

A seguir, o ofício evidencia que existe uma orientação institucional destinada a preparar, com alguma celeridade, o retorno anunciado: “Com o propósito de auxiliar os Laboratórios de pesquisa a adequar as instalações, o GT–Readequação de Espaços EESC, neste momento, solicita que os Chefes de Departamento, Centros e Laboratórios de Pesquisa enviem à Diretoria, até 22 de julho de 2020, as informações detalhadas nos itens a) e b) a seguir” (destaques no original).

O documento traz dois quadros na página seguinte, o primeiro intitulado “Ações relacionadas ao ambiente- itens da tabela do PRAA 2020, doc. nº 2”, e o segundo intitulado “Ações relacionadas ao planejamento administrativo”. No primeiro, pede-se para indicar “os reservatórios de água dos prédios que abrigam laboratórios e que precisam de limpeza”, “se existem bebedouros de pressão nos prédios que abrigam os laboratórios de pesquisa, pois esses bebedouros deverão lacrados temporariamente”, “quantidades e locais de instalação de dispensadores de álcool gel” etc., num total de 11 itens.

No segundo, pede-se para indicar “quais funcionários/docentes/alunos precisam de EPI” e enviar “nome e nº USP”, “os banheiros para os usuários de laboratórios de pesquisa”, “elevadores e corrimão de escadas (áreas internas) que serão usados em decorrência do uso dos laboratórios”, “quantidade de pontos para descarte de EPIs” entre outros itens, num total de oito.

Íntegra da carta do diretor da EESC à Adusp

Prezados(as) colegas da Adusp,

Neste final de semana (9/8), tomamos conhecimento do texto “No retorno aos laboratórios, Escola de Engenharia de São Carlos provoca protestos por impor aos pósgraduandos assinatura de ‘termo de ciência e responsabilidade’”, publicado pela Adusp em 7/8/2020 em sua página institucional.

Lamentamos a equivocada interpretação dada à iniciativa e, nesse sentido, encaminhamos, em anexo, a carta de esclarecimento enviada à Associação dos Pósgraduandos da USP São Carlos (APG), visando elucidar a diferença entre imposição e liberdade de escolha. A ausência de divulgação do comunicado da Diretoria, do qual o referido termo sugerido era um anexo, descaracteriza o contexto e sua informação central, contribuindo para a distorcida análise.

Adicionalmente, lamentamos profundamente a postura da Adusp, que publicou extensa matéria baseada em um erro de entendimento, com algumas afirmações flagrantemente descabidas, sem procurar ouvir a contraparte. Infelizmente, esta Diretoria não foi procurada, tanto pela APG quanto pela Adusp, para manifestação.

Apesar de sua longa tradição na defesa da transparência na comunicação pública, o presente episódio configura um triste equívoco editorial dessa prestigiosa Associação.

Reiteramos nosso entendimento de que o contínuo diálogo tem se mostrado o caminho mais acertado para o enfrentamento dos desafios decorrentes da pandemia de covid19 e suas consequências.

Agradecemos o recebimento desta manifestação pelos(as) colegas e temos a confiança de que a Adusp dará equivalente publicidade a este documento e seus anexos, com o objetivo de esclarecer devidamente nossa comunidade e contribuir para a construção de um ambiente colaborativo, essencial ao enfrentamento do momento atual.

Aproveitamos para reforçar o comprometimento da EESC com a proteção da saúde e da vida de toda a comunidade Uspiana e reiteramos nossa disponibilidade para quaisquer esclarecimentos adicionais que, eventualmente, se façam necessários.

 

Cordialmente

Edson Wendland

Diretor

EXPRESSO ADUSP


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