Defesa da Universidade
Vigilância Sanitária interdita cozinha da empresa que fornecia refeições na Esalq; situação agrava problemas da alimentação de estudantes mais vulneráveis
Desde a última sexta-feira (27/5), a(o)s estudantes da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), em Piracicaba, estão sem a alimentação fornecida pelo Restaurante Universitário do câmpus (Rucas). A cozinha industrial da empresa terceirizada responsável pelo fornecimento das refeições, a Doce Sabor – Alimentação Corporativa e Serviços, foi interditada pela Vigilância Sanitária de Ibiúna.
“No dia 27 de maio, última sexta-feira, a Vigilância Sanitária Municipal interditou a cozinha industrial da empresa que fornecia as marmitas ao Campus para que ocorram adequações estruturais nas instalações da empresa, externa ao Campus. O processo foi acompanhado por representantes da DVATCOM – Divisão de Atendimento à Comunidade”, diz nota divulgada nesta segunda-feira (30/5) pela Prefeitura do Câmpus de Piracicaba (PUSP-LQ).
“Deve-se destacar que a empresa já vinha sendo advertida seguidamente pela equipe da PUSP-LQ, além de exames laboratoriais realizados para verificação da qualidade do alimento servido. Todas as questões comunicadas à fiscalização têm sido apuradas, com rígido respeito à legislação, além de fiscalização diária de amostra da refeição servida, pautada no contrato assinado com a empresa”, prossegue a nota (leia íntegra ao final do texto) .
A situação de insegurança alimentar que afeta a(o)s aluna(o)s da Esalq, especialmente a(o)s moradora(e)s da Casa do Estudante Universitário (CEU), vem sendo alvo de mobilização da comunidade pelo menos desde abril, tão logo a USP retornou às atividades presenciais e os problemas com a alimentação se agravaram. Desde o início da pandemia, em 2020, com o fechamento do Rucas, a(o)s aluna(o)s que permaneceram na moradia já enfrentavam problemas com a alimentação fornecida por empresas terceirizadas.
No dia 8/4, a(o)s estudantes realizaram uma manifestação na qual denunciaram a situação com palavras de ordem como: “Não é mole não / escola de Agronomia / mas falta alimentação”. No ato, a(o)s aluna(o)s divulgaram uma Carta Aberta à Comunidade Esalqueana na qual denunciavam a gravidade do problema: “Há um grande número de moradores da CEU em situação de vulnerabilidade socioeconômica e principalmente de insegurança alimentar. Dependentes da marmita fornecida pelo restaurante universitário durante a semana, muitos de nós da moradia comem apenas duas vezes ao dia (marmitex de almoço e janta), e durante os finais de semana ficamos ao sabor da sorte, contando com a ajuda de amigos também em situação de vulnerabilidade”.
No dia 5/5, nova manifestação foi organizada por estudantes da graduação e da pós-graduação, que bloquearam por cerca de dez minutos o acesso dos carros aos câmpus e depois seguiram em caminhada até a frente da PUSP-LQ. Em 30/5 realizaram uma assembleia sobre o Rucas, que aprovou novos encaminhamentos.
“Existe uma proposta-ação que gostaríamos de divulgar: atualmente não há comida suficiente para todos, e estamos articulando um rangaço , refeição coletiva, que atenda a todos como forma de protesto e amostragem da situação que estamos enfrentando neste momento”, explicou uma estudante ao Informativo Adusp . “Conseguimos o básico já: arroz, feijão, macarrão, óleo. O próximo passo seria arrecadar fundos para comprar alguma proteína e suco”.
A Prefeitura afirma que “nos próximos dias, os alunos bolsistas do PAPFE-Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil serão atendidos com entrega de marmitas, dentro do teto de despesas permitido pela legislação vigente”.
Como já apontou o Informativo Adusp , por mais que esforços da administração do câmpus sejam realizados, os problemas com trocas de fornecedores e interrupção do serviço aos e às estudantes sempre acaba por prejudicar o corpo discente. Nada disso aconteceria se o serviço continuasse sendo prestado pela própria USP, e com maior qualidade, ao invés da sempre problemática terceirização, que no caso da Esalq teve início em 2016.
Leia a íntegra da nota da PUSP-LQ
“ 1. No dia 27 de maio, última sexta-feira, a Vigilância Sanitária Municipal interditou a cozinha industrial da empresa que fornecia as marmitas ao Campus para que ocorram adequações estruturais nas instalações da empresa, externa ao Campus. O processo foi acompanhado por representantes da DVATCOM – Divisão de Atendimento à Comunidade.
2. Em decorrência desse fato, a entrega de marmitas foi imediatamente suspensa, desde o almoço da última sexta-feira.
3. Deve-se destacar que a empresa já vinha sendo advertida seguidamente pela equipe da PUSP-LQ, além de exames laboratoriais realizados para verificação da qualidade do alimento servido. Todas as questões comunicadas à fiscalização têm sido apuradas, com rígido respeito à legislação, além de fiscalização diária de amostra da refeição servida, pautada no contrato assinado com a empresa.
4. Foi realizado pregão para contratação de novo serviço de entrega de marmita, mas, infelizmente, sem sucesso, pois a empresa vencedora não apresentou a documentação completa e foi considerada inabilitada. As demais licitantes também foram desclassificadas ou inabilitadas, por não apresentarem proposta formalizada ou documentação completa.
5. Nos próximos dias, os alunos bolsistas do PAPFE-Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil serão atendidos com entrega de marmitas, dentro do teto de despesas permitido pela legislação vigente.
6. No contínuo esforço para fornecimento de alimentação, ao menos aos mais vulneráveis, a PUSP-LQ está adotando todas as providências possíveis, dentro da legalidade e com o devido senso de urgência e responsabilidade.
7. Permanecemos acompanhando de forma ativa os desdobramentos e emitiremos nova nota quando houver novas informações concretas.
Piracicaba, 30 de maio de 2022.
Prefeitura do Campus USP ‘Luiz de Queiroz ’”
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