Carreira docente
“A necessária valorização dos níveis iniciais da carreira docente”
Em 10/2, o Fórum das Seis enviou ao então presidente do Cruesp, professor Fernando Ferreira Costa, carta aberta referente à necessidade de valorização do nível inicial da carreira docente, na qual propõe o agendamento de reunião entre os reitores e as associações de docentes das três universidades públicas estaduais, para tratar do tema. A carta afirma que “as universidades estaduais paulistas devem tomar a iniciativa de elevar o salário base inicial” e com isso fazer “da carreira acadêmica uma alternativa real de trabalho”. A seguir, os principais trechos do documento:
Na sociedade brasileira, duas ações devem ser executadas com urgência: a primeira consiste em estimular a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a educação em escala nacional e a segunda em atrair jovens para o trabalho como docentes nas universidades, principalmente as públicas. A primeira ação depende da segunda e, portanto, para implementá-las, o trabalho em pesquisa, ensino e extensão deve constituir-se em alternativa atraente para os jovens. É grande o número de recém titulados em universidades públicas que buscam trabalho no mercado financeiro, porque lá encontram emprego e melhor remuneração do que teriam se optassem pela carreira acadêmica. Para alterar essa realidade, as universidades públicas devem oferecer um salário inicial atraente, o que hoje não ocorre.
Ao lado dos baixos salários, especialmente em início de carreira, no Brasil, a produção acadêmica está fortemente concentrada nas universidades públicas, com destaque para as três universidades estaduais paulistas. A pressão por produção acadêmica direciona o trabalho de pesquisa dos docentes destas universidades para áreas que têm a aprovação das agências de fomento e que versam sobre assuntos passíveis de publicação em periódicos indexados, via de regra, sediados fora do país. No extremo, estas condições de trabalho podem dificultar e criar barreiras para o trabalho de pesquisa e desenvolvimento de áreas que não se identificam com estes critérios.
(…)
A universidade no Brasil tem como uma de suas missões formar pessoal qualificado para se inserir no mercado de trabalho brasileiro. A carreira acadêmica deve constituir alternativa real nesse mercado e, para tanto, um salário inicial atraente torna-se fundamental, além de proporcionar um ambiente saudável de trabalho dentro de uma ótica coletiva, diminuindo a individualização e ações deletérias à saúde mental e física dos docentes.
O Fórum das Seis tem a convicção de que nossas universidades – Unesp, Unicamp e USP – devem assumir essa tarefa, abrindo caminho para a criação de condições adequadas para o desenvolvimento acadêmico e tecnológico. Propõe, ainda, que o salário inicial e o estabelecido ao longo da carreira sejam instituídos de forma isonômica nas três universidades públicas estaduais e que essa isonomia seja mantida de forma igualitária, inclusive no que se refere aos direitos à aposentadoria.
Nesse sentido, entendemos que as universidades estaduais paulistas devem tomar a iniciativa de elevar o salário base inicial, com o intuito de atrair, de fato, esses novos e jovens trabalhadores, fazendo da carreira acadêmica uma alternativa real de trabalho.
Para tratarmos dessas questões, constantes da pauta específica de data-base dos docentes das três universidades públicas paulistas, reivindicamos o agendamento de reunião do Cruesp com as Associações Docentes – Adunesp, Adunicamp e Adusp, logo após o final da data-base 2011.
Matéria publicada no Informativo nº 321
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