Conjuntura Nacional
Esalq esteve representada na V Feira Nacional da Reforma Agrária, que difundiu a perspectiva agroecológica e avançou no diálogo entre campo e cidade
Entre os dias 8 e 11 de maio, ocorreu em São Paulo a V Feira Nacional da Reforma Agrária. Organizada desde 2015 pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), a Feira consiste em um evento multifacetado, com apresentações artísticas e seminários, além de exposição e venda de produtos oriundos dos territórios de acampamentos e assentamentos rurais de todas as regiões do país, expressando sua grande diversidade sociocultural.
Segundo estimativa da equipe de organização, esta edição da Feira contou com a presença de 300 mil visitantes ao longo dos quatro dias de evento e agregou no coração da maior metrópole da América do Sul aspirações com vistas à mudança do modelo de desenvolvimento para o Brasil, numa perspectiva efetivamente inclusiva, democrática e agroecológica. Esta última se funda nas pautas de soberania alimentar, alimentação saudável para toda a população brasileira e reforma agrária popular. A Feira visa intensificar o diálogo entre campo e cidade a partir notadamente da questão alimentar.

A Esalq esteve representada no estande do Programa de Formação em Assistência Técnica e Extensão Rural para Assentamentos de Reforma Agrária, com contribuições para a Agenda 2030 (ProForExt). Trata-se de iniciativa inovadora para apoiar a difusão da perspectiva agroecológica fundada especialmente na formação de jovens assentados e assentadas, enquanto agentes de promoção de melhores condições de trabalho e de vida nos assentamentos. O estande em questão funcionou sobretudo como meio para a apresentação do programa aos visitantes, com a participação de quatro jovens Agentes Locais de Formação (ALFs). Tendo se iniciado no início de 2024, o ProForExt se desenvolve graças a um Termo de Execução Descentralizada do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com a participação de 15 instituições de ensino superior do país, sob coordenação da equipe da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Por outro lado, dentre as 35 oficinas e seminários ocorridos por ocasião da V Feira Nacional da Reforma Agrária, aquela denominada “Do campo ao prato: agroecologia e reforma agrária popular para superação da crise ambiental e da fome” é bem representativa de perspectivas representadas entre os participantes do evento. Nesta atividade, a integrante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Fran Paula de Castro ressaltou o papel da agricultura enquanto pilar fundamental para a saúde da população brasileira. Com este olhar, esta ativista considera que os agrotóxicos são frequentemente utilizados como uma arma química contra comunidades tradicionais, especialmente aquelas localizadas próximas a grandes áreas produtoras de soja.
A mesa contou também com a assentada e agrônoma do MST Devanir Oliveira de Araújo, que apresentou o plano nacional do movimento intitulado “Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis”. Lançado em 2020, este plano permite realçar a centralidade da preocupação ambiental no MST. A meta é alcançar o plantio de 100 milhões de árvores em dez anos e apresenta um balanço encorajador de 40 milhões de mudas já plantadas de espécies frutíferas e nativas, especialmente em sistemas agroflorestais.
Ainda fez parte da atividade a apresentação do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho por Gislei Knierim da Fiocruz, que destacou o desenvolvimento de um projeto de formação de agentes populares de saúde do campo, com ênfase em práticas agroecológicas. O cuidado com a saúde da população se funda aqui em abordagem abrangente que envolve notadamente alimentação saudável e condições adequadas de trabalho nos territórios rurais.

Iara Maria Lopes Rangel, militante da Frente de Bioinsumos do MST abordou os esforços do movimento visando massificar a produção agroecológica. Neste quadro, sua atuação se refere especialmente à melhoria da qualidade do solo nos assentamentos rurais, frequentemente implantados em áreas muito degradadas por uso anterior esgotante de monoculturas com intensivo emprego de insumos industriais.
Por fim, Marco Aurélio Cirilo Lemos, representante da Fundação Banco do Brasil, informou que, após o período de retrocesso ocorrido em razão das orientações do governo Bolsonaro, os financiamentos de projetos agroecológicos de desenvolvimento rural estão sendo retomados.
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