Mês

Valor real (A)

Perda/mês

100 = valor real

Maio/01

100

0

Junho/01

99

1

Julho/01

97

3

Agosto/01

96

4

Setembro/01

95

5

Outubro/01

94

6

Novembro/01

93

7

Dezembro/01

93

7

Janeiro/02

93

7

Fevereiro/02

92

8

Março/02

92

8

Abril/02

92

8

Perda no período =

64

Ao reivindicarmos recomposição salarial em geral utilizamos a comparação entre poderes aquisitivos de ponta. Por exemplo, estimamos que o ICV-Dieese entre abril/01 e abril/07, descontados os reajustes obtidos neste período, será de 6,91% e utilizamos este parâmetro para medir a perda de poder aquisitivo de maio/01 a maio/07. É inevitável utilizar estimativas, pois os índices de março e abril ainda não estão divulgados (nem poderiam). Quando o índice mensal de inflação é pequeno, o erro cometido nesta estimativa também será pequeno. Além disso, em um processo contínuo, esses eventuais erros (para cima ou para baixo) serão compensados no futuro. Este tem sido o modo como temos reivindicado recomposição salarial; aliás é o modo como todas as categorias têm feito recentemente.

Mas será que esse procedimento realmente recupera perdas passadas? Certamente recuperará o poder aquisitivo de um certo padrão que consideramos adequado (no nosso caso, maio/01); por outro lado, se o índice de inflação é essencialmente positivo, como é o caso no Brasil, este número certamente não é a perda salarial real em um certo período. Esta perda é, na realidade, a soma de tudo que deixamos de receber em relação ao padrão estipulado, utilizando um certo índice de inflação. Assim, se colocarmos o salário de maio/2001 como padrão, digamos 100, somamos o que falta para 100, a cada mês (sempre falta!), utilizando o ICV-Dieese. Como exemplo do que devemos calcular, tomemos o período maio/01 a abril/02. A tabela ao lado indica a evolução do valor real do salário de um MS3 neste período, estimado pelo ICV-Dieese.

A perda real neste período é a soma dos valores da 3ª coluna da Tabela 1, isto é, 64/100 do salário de maio/01. Como a inflação no período de abril/01 a abril/02 foi de 8,7 %, a preços de abril/02 trabalhamos

64/100 x 1,087 = 70/100 de um mês de graça,

ou seja: trabalhamos cerca de 21 dias de graça. Se fizermos cálculo análogo para o período maio/01 a abril/07 descobrimos que, pelo ICV-Dieese, mesmo levando em conta os reajustes salariais obtidos desde então, que não são nada desprezíveis, a soma das perdas é de 447, isto é, 447/100 = 4,47 salários de maio/01. Como a inflação no período foi de 51,15%, a preços de hoje trabalhamos

4,47 x 1,5115 = 6,75 meses de graça,

ou seja, 6 meses e 23 dias de graça! Esta é a noção precisa de perda salarial, muito importante no momento de discutir reajustes e política salarial. Está claro que quanto mais freqüentes os reajustes, menor será esta perda. Além disso, este processo contínuo de diminuição de poder aquisitivo fornece financiamento gratuito da máquina do Estado, das universidades e da economia em geral, pois exatamente o mesmo fenômeno acontece com cada trabalhador. Seria penosamente instrutivo fazermos a mesma conta com a evolução salarial do pessoal do Centro Paula Souza, da Saúde ou para os professores e funcionários da rede pública de Ensino Fundamental e Médio.

 

Matéria publicada no Informativo nº 232

EXPRESSO ADUSP


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