Campanha Salarial 2021
ICMS sobe e comprometimento com salários nas universidades paulistas é o menor dos últimos anos
Na avaliação do professor Rodrigo Ricupero, presidente da Adusp, “os números mostram o resultado do brutal arrocho salarial imposto pelos reitores”. Em novembro e dezembro de 2020 o comprometimento da receita da USP com a folha foi de “inacreditáveis” 66% e 67% respectivamente. “Ainda assim a Reitoria continua virando os professores de cabeça para baixo para apanhar mais algumas moedinhas ao impedir as progressões, quinquênios e sexta-parte”, ironiza o docente. Enquanto isso a arrecadação total do ICMS em 2020 chegou a R$ 109,6 bilhões, superando em R$ 2,1 bilhões a de 2019
O comprometimento das três universidades estaduais com a folha de pagamento no recém-terminado ano de 2020 foi o menor dos últimos anos, conforme demonstram as planilhas das liberações financeiras do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp).
Ano | Comprometimento geral (%) | Comprometimento USP (%) |
---|---|---|
2017 | 96,86 | 94,41 |
2018 | 90,02 | 89,29 |
2019 | 87,01 | 86,69 |
2020 | 85,31 | 85,05 |
O comprometimento geral de 2020 ficou em 85,31% na média das três universidades (85,05% na USP; 83,08% na Unesp; e 88,28% na Unicamp).
Em 2019, a média ficou em 87,01% (86,69% na USP). Em 2018, foi de 90,02% (89,29% na USP) e, em 2017, de 96,86% (94,41% na USP).
“Chama a atenção o baixo comprometimento geral e o de cada universidade nos últimos três meses do ano”, diz o professor Paulo Cesar Centoducatte, 1º vice-presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp) e coordenador do Fórum das Seis. Em outubro de 2020, o comprometimento médio das três universidades ficou em 74,52%, baixando para 65,90% em novembro e subindo ligeiramente em dezembro para 68,23%.
A boa arrecadação do ICMS no segundo semestre também é um ponto destacado por Centoducatte. A arrecadação caiu de R$ 9,040 bilhões em março — primeiro mês da pandemia da Covid-19 no Brasil — para R$ 7,786 bilhões em abril e R$ 6,738 bilhões em maio. Inversamente, como reflexo da queda, o comprometimento com a folha aumentou, chegando a 122,12% na média das três universidades em maio (122,37% na USP).
No segundo semestre, porém, a arrecadação voltou a subir, ultrapassando R$ 10 bilhões mensais nos três últimos meses do ano: R$ 10,401 bilhões em outubro, R$ 11,028 bilhões em novembro e R$ 11,160 bilhões em dezembro.
A arrecadação total do ICMS em 2020 chegou a R$ 109,634 bilhões — apesar dos efeitos da pandemia, superou em R$ 2,1 bilhões a do ano anterior.
“Números mostram arrocho salarial imposto pelos reitores”, considera presidente da Adusp
Na avaliação do professor Rodrigo Ricupero, presidente da Adusp, “os números mostram o resultado do brutal arrocho salarial imposto pelos reitores”. “Mesmo num ano catastrófico, o resultado final está dentro do estipulado pelo plano de austeridade vigente na USP desde a gestão M. A. Zago-Vahan Agopyan.”
“Os números de novembro e dezembro mostram ainda mais claramente o arrocho, com inacreditáveis 66,17% e 67,18% de comprometimento com a folha na USP”, prossegue Ricupero. “Ainda assim a Reitoria continua virando os professores de cabeça para baixo para apanhar mais algumas moedinhas ao impedir as progressões, quinquênios e sexta parte.”
A administração da universidade vem reiteradamente invocando a Lei Complementar (LC) 173, publicada pelo governo federal em maio de 2020, para justificar a não concessão de reajustes. Em dezembro, por exemplo, o vice-reitor Antonio Carlos Hernandes encaminhou correspondência aos dirigentes da USP na qual comunica que, por conta da LC 173/2020, “não é possível efetuar previsão de recursos financeiros adicionais para pessoal no Orçamento para 2021”.
Em novembro, decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) ressaltou que, “embora não se submeta ao regramento da Lei Complementar 173/2020, aplicável apenas aos entes políticos, a USP goza de autonomia administrativa que a autoriza, por meio da conveniência e oportunidade, a decidir se prossegue com os concursos já abertos ou abre novos certames para a contratação de novos professores a fim de repor as vacâncias existentes”.
Com base nesse entendimento, ainda em novembro a Adusp encaminhou ofício à Reitoria no qual requereu a imediata revogação de todas as medidas adotadas com base na LC 173/2020, como a suspensão dos concursos públicos de admissão e da contagem de tempo de servidora(e)s até dezembro de 2021 para efeitos de concessão de quinquênios, sexta parte e licença-prêmio.
Agora é o momento de começar a preparar a campanha de data-base 2021: espera-se que a categoria reaja à altura a mais esse comportamento lamentavelmente oportunista da gestão reitoral Vahan Agopyan-Antonio Hernandes, que vem utilizando a LC 173/2020 como álibi confortável para dar continuidade ao arrocho salarial inaugurado na gestão anterior (M.A. Zago-Vahan Agopyan).
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Novo modelo proposto para a Pós-Graduação alude a “trilhas formativas mais adequadas”, mas inclui “aprendizagens de empreendedorismo”
- Processo disciplinar que ameaça expulsar cinco estudantes da USP terá oitivas de testemunhas de defesa e de acusação nos dias 13 e 14 de novembro
- Conselho Universitário vai debater na terça-feira (15/10) concessão do “Prêmio Desempenho Acadêmico”, em três parcelas de R$ 3 mil, e valores para progressão na carreira dos(as) funcionários(as)
- Alesp poderá realizar em 26/11, terça, o segundo turno de votação da PEC 9; aprovação permitirá corte de R$ 11 bilhões da educação em 2025
- Andes-SN solicita reunião com Itamaraty para propor ruptura de relações diplomáticas, comerciais, militares e acadêmicas com Israel