Defesa do Ensino Público
Defesa da ciência e da educação contra os ataques do governo voltou a reunir manifestantes no MASP

Em várias cidades do país manifestantes saíram às ruas, nesta quinta-feira (3/10), em protesto contra a política do governo de Jair Bolsonaro (PSL) para as áreas de educação e ciências. Em São Paulo, apesar do número menor de manifestantes em relação ao #15M e ao #30M, houve participação expressiva de estudantes e docentes das universidades públicas estaduais e federais, como USP, Unesp, Unifesp e UFABC. O protesto contou com importante comparecimento de estudantes e docentes da USP, que se concentraram na Praça do Ciclista, no início da Avenida Paulista, e depois saíram em marcha até o MASP, local do ato público. O Fórum das Seis também se fez presente.
Faixas e cartazes carregados por estudantes expressaram a indignação com os sucessivos cortes de verbas e outros ataques do governo às instituições científicas do país. Dizeres como “Ciência não é gasto, é investimento”, “A ciência salva vidas”, ou “Os cientistas pedem perdão pela falta de comunicação”. Outros faziam referência a aspectos indiretos da ação governamental, como as queimadas na Amazônia e no Cerrado, por exemplo “Parem o piromaníaco”.
Durante a marcha, a professora Michele Schultz, primeira vice-presidente da Adusp, manifestou-se em nome da entidade. Citando Paulo Freire, patrono da educação brasileira, ela defendeu a necessidade de uma universidade aberta aos diferentes grupos da sociedade brasileira: “A nossa coletividade é feminina, a nossa coletividade é negra, a nossa coletividade é indígena, é quilombola, a nossa coletividade é lésbica, é gay, é trans, é universal, e é isso que se espera da universidade: que ela seja universal, que ela garanta a diversidade. É isso que dá qualidade às universidades”.
Michele disse que “a ciência brasileira é única” e que a universidade deve continuar sendo pública, gratuita, com financiamento público. “Nós não vamos aceitar que o mercado regule as atividades da universidade. A sociedade é que vai regular as nossas atividades”, destacou. Ela convocou a sociedade brasileira a defender as universidades públicas e os institutos públicos de pesquisa, “o ensino público e gratuito de qualidade”, e homenageou estudantes, docentes e o funcionalismo das instituições de ensino superior.
O governador João Doria (PSDB) também foi mencionado negativamente pelos oradores da manifestação, porque, embora venha tentando se descolar da figura de Bolsonaro por questões puramente eleitorais (pensando na próxima eleição presidencial), inicialmente foi seu apoiador. Além disso, parte das suas políticas converge com as do governo federal: ataque indireto às universidades públicas via CPI na Alesp, privatização de órgãos públicos (como a FURP) etc.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Comunidade da EACH cobra justiça e segurança e manifesta solidariedade à família em ato em memória de sua mestranda Bruna Oliveira da Silva, assassinada em 13 de abril
- “Hacker” derruba site da Adusp, após entrar em contato para acusar a USP de estar “mentindo”
- Reitoria silencia sobre verba que doará ao governo Tarcísio para ampliação do HC de Ribeirão Preto
- Direção da Faculdade de Medicina assume como seu o curso pago “Experiência HC” (oferecido pela Fundação Faculdade de Medicina), e ainda escamoteia a finalidade real, que é o lucro privado; estudantes protestam
- Tribunal de Justiça derruba liminar que suspendia venda de 35 fazendas experimentais de institutos públicos; porém, Tarcísio terá de apresentar estudos e “plano de ação quanto à pesquisa”