A Adusp, a Associação de Pós-Graduandos (APG-Capital), o DCE Livre “Alexandre Vannucchi Leme”, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Rede Não Cala organizaram atividades virtuais para marcar o Dia Internacional da Mulher nesta segunda-feira (8/3).

A partir das 18h, realizou-se um tuitaço, para o qual um banco de tuítes e hashtags foi colocado à disposição. Foi sugerido a(o)s participantes tirarem fotografias com cartazes com dizeres sobre os direitos das mulheres ou denunciando as práticas opressoras do seu cotidiano e as postassem nas redes com as hashtags do banco.

Pela manhã, a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP organizou o simpósio “Mulheres, Poder e Sociedade”, com duas mesas das quais participaram professoras, artistas e lideranças de vários setores da sociedade.

A professora Michele Schultz Ramos, vice-presidenta da Adusp, acompanhou a programação, aberta pelo reitor da USP, Vahan Agopyan, e pelo vice-reitor, Antonio Carlos Hernandes. O reitor mencionou o Escritório USP Mulheres, ao qual as entidades fazem várias críticas, “especialmente porque o escritório de fato não alavancou nenhuma política institucional de combate à violência de gênero”, aponta a professora.

Michele encaminhou pelo chat uma pergunta dirigida a Agopyan e Hernandes: “quais as políticas institucionais da USP de combate às opressões e violências de gênero?” A questão não foi respondida, até porque ambos participaram apenas da abertura do simpósio e não acompanharam os debates.

A vice-presidenta da Adusp encaminhou também uma pergunta à professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, coordenadora do Escritório USP Mulheres, sobre quais ações foram adotadas depois que a pesquisa Interações, coordenada pelo escritório, revelou dados referentes à violência na universidade. A questão também não foi respondida.

Outro tema não abordado foi a criação de um centro de referência na USP para atendimento e acolhida de casos de assédio e violência de gênero – projeto entregue à Reitoria pela Rede Não Cala ainda na gestão M. A. Zago-Vahan Agopyan, mas nunca concretizado.

No decorrer desta semana a Adusp vem enviando por correio eletrônico uma série de cards referentes às questões de gênero e ao combate ao racismo e a outras formas de preconceito, que já vinham sendo divulgados na página digital da entidade. Um deles homenageia a memória da vereadora carioca Marielle Franco, cujo assassinato em 14 de março de 2018 permanece não resolvido no tocante à identidade dos mandantes: “Há três anos perguntamos: quem mandou matar Marielle e por quê?”
A maioria dos cards da Adusp faz referência à desigualdade de gêneros dentro da universidade, criticando por exemplo a existência de “patamares desiguais de ingresso e de ascensão na carreira acadêmica” — objeto de documento encaminhado pela Adusp e Rede Não Cala à Reitoria em 2019 — e de machismo: “A maternidade e a cultura do cuidado não podem ser obstáculos nas etapas da vida universitária, desde o ingresso na universidade até nas titulações e nos cargos docentes”.

O DCE-Livre, por sua vez, impulsiona paralelamente a campanha #uspianasapelavida. “Neste 8 de março precisamos debater e refletir sobre o papel da mulher na sociedade, num contexto de crise sanitária, econômica e política em que vivemos. Precisamos nos juntar para defender nossos direitos, no Brasil e dentro da Universidade. Precisamos de mais auxílios, bolsas, medidas de acesso e permanência para as mulheres, periféricas, negras e mães. Hoje e sempre gritamos: Uspianas pela vida, Fora Bolsonaro, vacina para todas as pessoas e auxílio emergencial já!”, diz o diretório na sua página no Facebook.

Nesta terça-feira (9/3), às 18h, a diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) realizará a liveDia internacional das mulheres trabalhadoras: trajetórias, movimentos e desafios”.

Estarão presentes lideranças como Chopelly Santos Pereira, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra); Iêda Leal, do Movimento Negro Unificado (MNU); Vanessa Aguiar, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); e Jupiana Castro, da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra).

Também haverá mulheres representantes da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).

O grupo Cantando Marias, do Ceará, e Déia Palheta, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e integrante do Grupo de Cultura Regional Iaçá, farão as apresentações artístico-culturais.

O Andes-SN também publicou em sua página no Facebook um vídeo sobre o #8M2021, marcando a primeira gestão da entidade com paridade de gênero nos cargos da diretoria.

Um dos temas abordados no vídeo é o agravamento da desigualdade de gênero na pandemia. A professora Rosineide de Freitas, 2ª vice-presidenta do Andes-SN no Rio de Janeiro, ressalta que “somos nós, mulheres, em especial mulheres negras, que vivemos as maiores consequências” por receber “os ônus do cuidado, do trabalho doméstico, do não acesso aos serviços públicos e da dor sobre os corpos negros que tombam”.

Maria Regina de Avila, secretária-geral da entidade, afirma que “a vida das mulheres está ameaçada” por faltar o básico: “a comida no seu prato e no prato da sua família”. Zuleide Fernandes, 2ª vice-presidenta do Andes-SN, diz: “nós somos mães, mulheres, filhas, somos professoras da universidade, dos institutos federais e dos Cefets, e estamos na luta pela dignidade das mulheres no Brasil”. “E nenhum governo vai nos calar”, completa Rivânia Moura, presidenta do Andes-SN.

EXPRESSO ADUSP


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