Comunidades da Escola de Aplicação e Creches da USP protestam contra falta de professores e corte de vagas

No dia 8/6, estudantes, pais, professores e funcionários da Escola de Aplicação (EA) e das Creches da USP realizaram uma marcha contra o desmonte da instituição e em defesa das creches da universidade. A manifestação de protesto, denominada "Ato em defesa da educação básica da USP", partiu do pátio da EA, passou pela Creche Central e foi encerrada em frente ao prédio da Reitoria.

 

Fotos: Vinicius Crevilari

 
As creches foram implantadas na USP a partir de 1982, com a instalação da Creche Central, no campus do Butantã. Além desta, a universidade administra outras quatro creches, localizadas nos campi de São Paulo, Ribeirão Preto e São Carlos. Em 2015, foram matriculadas 463 crianças; em 2016, apenas 329. A justificativa apresentada pela Superintendência de Assistência Social para o corte de vagas é a "crise financeira" enfrentada pela USP.
 
Não menos grave é a situação da EA, vinculada à Faculdade de Educação. A instituição de ensino sofre um processo de desmonte, materializado na falta de professores, no não oferecimento de merenda escolar e nos problemas ambientais e de infraestrutura. Desde a posse do reitor M.A. Zago em 2014, não há mais contratação de professores, e hoje a EA sofre com a falta de pelo menos oito educadores no seu quadro docente.
 
A professora Adriana Silva de Oliveira, que ministra aulas de teatro na EA, afirma que nenhuma satisfação é dada nem pela Reitoria, nem pela direção da FE: "A resposta de que não há dinheiro e que a gente precisa cortar gastos nos parece hipócrita, já que houve abertura de editais para a contratação de professores do ensino superior e nenhuma para o ensino básico. Há a clara intenção de que a EA não exista dentro da universidade".
 
Sem reposição.
Adriana exemplifica com a disciplina de Química: "A única professora habilitada para dar aula dessa disciplina pediu demissão no final de 2015. Desde então, a direção da EA pede a abertura de um edital para contratar um professor licenciado para assumir as aulas do 9º ano e do ensino médio, mas a Reitoria se nega a atender essa demanda".
 
A solução encontrada? "Só depois de 44 dias sem aulas de Química, a Reitoria deslocou dois profissionais, um analista de laboratório da FE, em desvio de função, e um educador do Instituto de Química, para lecionar a disciplina para os alunos, sem que fossem repostos os dias perdidos".
 
 
Odor fétido.
Além da inexistência de refeitório na EA, professores e estudantes enfrentam o odor fétido causado pela poluição do córrego Pirajuçara, que nasce no município de Embu e deságua em São Paulo, no Rio Pinheiros, passando por dentro da Cidade Universitária. O forte odor atinge principalmente o bloco A, o mais antigo e mais precarizado da EA. "O cheiro é insuportável. E o pior é que o bloco A é onde ficam as crianças mais jovens, que têm de conviver com o mau cheiro por cinco horas, todos os dias", relata a professora.
 
Somam-se a isso o constante aparecimento de rachaduras nas paredes e o desnivelamento do piso do bloco A, atribuído à proximidade com o córrego. "A gente chama a Prefeitura do campus, os técnicos vêm aqui, fazem a vistoria e dizem que não há risco nenhum, rebocam a parede e pintam. No ano seguinte, chove novamente e as rachaduras reaparecem".
 
Merenda.
A lei 11.947/2009 obriga toda escola pública a oferecer alimentação aos alunos, mas desde sua fundação a EA nunca ofereceu merenda. Atualmente, a FE oferece algumas bolsas para estudantes da Escola, fornecendo para alguns deles almoço no Restaurante Universitário, mas apenas nos dias em que há atividades pela manhã e tarde na EA.
 
Outros bolsistas obtêm diariamente um vale-refeição, que dá direito apenas a um salgado e um suco na cantina. "Se o estudante quiser comer, vai ter que pagar para comer na cantina da escola ou pagar para comer nos bandejões", diz Adriana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

EXPRESSO ADUSP


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