O professor Paulo Saldiva (FM), presidente da Comissão Especial criada na gestão Zago-Vahan para acompanhar a crise ambiental da EACH e propor soluções, declarou no dia 11/6 — durante sua exposição no seminário “Contaminantes ambientais, Risco à Saúde e a Biorremediação: o caso do campus da EACH” — que cabe à própria unidade “resolver o problema”, isto é, a contaminação ambiental do campus, uma vez que foi a própria unidade que elegeu o antigo diretor Jorge Boueri, responsável por um enorme aterro ilegal realizado em 2010 e 2011.

Pérolas de Saldiva

Lobby sobre MPE

“A comissão não tem acesso ao Termo de Ajuste de Conduta, eu nunca sentei com ninguém da Cetesb, nunca sentei com ninguém do Ministério Público para discutir esse assunto. A única coisa que eu fiz foi ligar para o promotor Lutti e disse assim: ‘Eu não quero interferir na sua decisão, mas por favor, considere a possibilidade de que a USP seja um órgão assessor técnico do Ministério Público para questões de contaminação ambiental, vê se isso provoca a nossa Universidade a assumir um papel mais socialmente responsável’”.

A culpa é da EACH

“O funcionamento do campus seria para mim a melhor forma de resolver o problema e começar o processo. A gente tinha visto documentos do que tinha no solo e eu posso garantir que tem vários condomínios em São Paulo em condições muito piores do que a EACH está. Mas isso não é uma comissão externa que tem que resolver. Veja, quem elegeu o diretor da EACH? A EACH, então quem tem que resolver o problema da EACH é a própria EACH, aprendendo com os erros”.

Entre dois horrores

“Que é horroroso estar entre tapumes, é. Que é horroroso você não saber em que área você pode andar em cima da grama, é. Mas eu acho que também é igualmente horroroso você não ter um lugar para ficar, você não ter laboratório para ter aula. Então entre horror e horror…”

Saldiva, que defende a imediata desinterdição e retorno ao campus, minimizou os riscos à saúde: “Posso garantir que tem vários condomínios em São Paulo em condições muito piores do que a EACH”. No seminário, ele propôs a criação de uma “estrutura de toxicologia ambiental” e de um “núcleo de pesquisa de remediação do solo”.

O evento foi promovido por coordenações da EACH, com apoio declarado da direção da unidade, com a finalidade de “difundir informações de qualidade sobre os problemas ambientais do campus”. A direção da unidade sinalizou apoiar as propostas de Saldiva. A vice-diretora, professora Neli de Mello Théry, apresentou uma “Proposta de criação e implantação do Centro de Monitoramento, Remediação e Gestão Ambiental de Áreas Contaminadas na USP”, na linha sugerida pelos “notáveis” no seu controvertido parecer.

Greve de 2013

No seminário, a professora Michele Schultz (EACH), membro da Comissão Ambiental (CA), discorreu sobre os problemas ambientais e institucionais da unidade, falando também do movimento de greve de 2013, bem como da constituição da CA e do Grupo de Trabalho Técnico.

O professor Scandar Ignatius (IPT) afirmou que testes e simulações por computador estão demonstrando bom funcionamento do sistema atual de drenagem do metano, a cargo da Weber Ambiental. Contudo, ele precisa ser totalmente instalado e totalmente testado.

A professora Viviane Nunes (EACH) apresentou os dados de contaminação em mapas. Sustentou que não há risco na contaminação existente, desde que não se tenha contato com a terra contaminada. A professora Elen Aquino Perpétuo (Unifesp, EP) explicou modelos de remediação ambiental com utilização de organismos vivos (bactérias e plantas). Apresentou as possibilidades, mas não um plano de remediação para a contaminação da EACH. Os tempos necessários podem ser de médio a longo prazo, dependendo das concentrações, condições etc.

Na fase de debate, a professora Adriana Tufaile (EACH) questionou a visão otimista apresentada por vários dos expositores. A biorremediação levaria muito tempo, observou ela, e a atual crise finan­cei­ra da USP lança incertezas quanto a se obter verbas para as pesquisas propostas. Acrescentou que o geólogo Elton Gloeden, da Cetesb, afirmou que grama não protege da contaminação. Em suma, disse ela, nada do que foi proposto parece resolver os problemas ambientais a curto prazo e permitir a liberação do campus.

Informativo nº 384

EXPRESSO ADUSP


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