EACH
Câmara Municipal e Alesp investigam EACH, enquanto “Plano B” acumula deficiências
Após vistoria, Corpo de Bombeiros conclui que edificações do campus leste estão irregulares e sem a devida proteção
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar as áreas contaminadas do município de São Paulo abriu seus trabalhos em 8/4, tendo como ponto de pauta a situação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). A próxima reunião da CPI, presidida pelo vereador Rubens Calvo (PMDB), está agendada para 15/4, às 10 horas, quando a comunidade da USP Leste terá a palavra franqueada para se manifestar.
O vereador Vavá (PT), vice-presidente da CPI, declarou que serão feitas diligências para apurar detalhes da contaminação: “Sou morador da zona leste e vejo o transtorno que isso está causando a milhares de jovens que estudam naquela região e hoje estão sendo obrigados a se locomover para outras regiões, tendo em vista o grau do perigo que há ali”. O vereador Aurélio Nomura (PSDB), relator, assinalou as dimensões do problema ambiental: “Não atinge somente a USP, atinge toda aquela região, com milhares e milhares de pessoas sendo contaminadas diariamente” (vide reportagem na Web Rádio Câmara).
A Assembleia Legislativa (Alesp), por sua vez, realizará nova audiência pública sobre a EACH, em 24/4 às 14 horas, organizada pela Comissão de Direitos Humanos. Foram convidados a comparecer o secretário estadual do Meio Ambiente, o presidente da Cetesb e o reitor da USP.
“Plano B” vai mal
Resultado da arrastada teimosia da Reitoria, que deixou para providenciá-lo de última hora, o chamado “Plano B” oferecido à EACH vem confirmando, já nas primeiras semanas de implantação, todos os problemas que foram apontados pela comunidade tão logo ele foi anunciado. No início da reunião da Congregação realizada em 9/4, os alunos realizaram o “enterro da EACH”. Depoimentos contundentes estão disponíveis no blogue EACH seus problemas.
“Bibliotecas que não possuem os livros que precisamos (ou apenas um exemplar já emprestado). Impressão de textos, mais caros que xerox, porque não há pastas e os professores mandam o arquivo. Só essa semana gastei 9 reais na Unicid e 12 reais hoje na FFLCH. E não peguei tudo que precisava. E bandejão longe e cantina cara e fechada na hora do intervalo na Poli. Passei fome. Já está virando rotina”, comenta Thaisa Torres Nunes, estudante de Gestão de Políticas Públicas.
“Durante a aula de química, a professora foi categórica ao afirmar que as aulas em laboratório são imprescindíveis, e que caso elas não ocorram, seremos muito prejudicados no próximo módulo. Hoje já é dia 8/4 e ainda nem sinal da instalação emergencial” (dos laboratórios), observa um estudante de Licenciatura em Ciências da Natureza (LCN).
À distância?
Um aluno de Sistemas da Informação (SI) relatou que “não bastassem os problemas para bandejar e as dificuldades no transporte, agora teremos aula EAD usando cliente VNC” (aulas que deveriam ser presenciais serão ministradas à distância, por meio de um aplicativo que cria ambientes virtuais compartilhados). “Sim, alguns alunos receberam mensagens informando que as aulas de Cálculo 1- turma extra iniciarão pela Internet”, porque “segundo o professor as salas na Faculdade de Educação serão utilizadas por outros”.
Os docentes também têm queixas: “Lecionei na manhã de 1º de abril na Unicid. Concordo com aqueles que reclamam do som dos arredores do prédio nas salas de aula: o som dos trens a cada 10-15 minutos é difícil de vencer na garganta, apenas. Os alunos só passaram a ouvir o que eu dizia após eu ter a sorte de ter conseguido microfone com caixa de som”, relatou o professor Marcos Hara, docente de LCN.
Um professor de SI contou sua experiência na Fatec, onde não há Internet sem fio: “Emprestei o computador de um funcionário, mas muitos sites são bloqueados. Como havia mais alunos do que carteiras, fomos realocados para uma sala maior. Não há cantina e o deslocamento até o Metrô passa por áreas bastante assustadoras._Na FMVZ alguns alunos reclamaram da distância e um deles comentou que estava chegando à 1 hora da manhã em casa”.
Bombeiros
O Corpo de Bombeiros enviou à Adusp o Ofício CBM 148/300/14, no qual comunica o resultado de vistoria técnica realizada na EACH em 4/2, pelo tenente Marcos Garcia, agente vistoriante da Divisão de Atividades Técnicas da corporação. A vistoria havia sido solicitada pela Adusp, diante da constatação de que a EACH não possuía os equipamentos necessários à prevenção e combate de incêndios, apesar do risco propiciado pela presença de metano no subsolo.
No documento, o coronel Wagner Bertolini Jr., comandante do Corpo de Bombeiros, informa que a EACH “encontra-se irregular perante o Decreto Estadual 56.819/11 e suas instruções técnicas”, pelos seguintes motivos:
1) apenas 20% da edificação possui projeto técnico aprovado (858/2005), mesmo assim sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB); os restantes 80% sequer têm projeto, e “os sistemas não estão instalados ou não funcionam, segundo o representante da USP”;
2) “falta sinalização dos equipamentos de proteção e combate a incêndio”;
3) “possui extintores de incêndio instalados em desconformidade com a Instrução Técnica 21/11, alguns deles descarregados e guardados em depósito, deixando dessa forma áreas da edificação sem a devida cobertura”;
4) “não foi possível realizar o teste no sistema de hidrantes em razão de problemas no quadro de operação da bomba de incêndio”;
5) “as caixas de hidrantes estão sem sinalização, faltam equipamentos e as mangueiras não possuem teste hidrostático”;
6) “não foi possível realizar o teste no sistema de iluminação de emergência e existem áreas sem a instalação dos blocos autônomos”;
7) “há um cilindro de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) P-45kg instalado fora das normas vigentes e sem estar protegido por extintores”.
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