Condições de trabalho
Funcionários da Reitoria em greve contra saída do campus
Trabalhadores terceirizados também paralisam atividades, exigindo salários atrasados
Em assembleia ocorrida em 14/4, os funcionários da Reitoria da USP decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, contra a decisão do reitor Grandino Rodas de transferi-los para o Centro Empresarial Santo Amaro, na zona sul da cidade, assunto já discutido na audiência pública realizada em 24/3 na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O movimento coincidiu com a paralisação dos funcionários terceirizados da limpeza, que estão sem receber da empresa União os salários que lhes são devidos.
Deveriam ter sido relocados no dia 18/4 nada menos que 225 funcionários da USP, dos quais 125 são lotados nos departamentos financeiro, de informática e administrativo, e outros 100 na Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf). Decidiram, porém, resistir por meio da greve, impossibilitando a mudança.
Estima-se que cerca de 200 funcionários, pertencentes à Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), à Consultoria Jurídica (CJ) e a outros setores da Reitoria, já tenham sido transferidos para prédios da Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, e do centro da cidade.
Uma reunião com a Reitoria foi realizada em 26/4 (data que coincidiu com o fechamento desta edição). “Não é só a Reitoria que está ameaçada de desmonte, é a Universidade como um todo. Rodas está desarticulando a nossa categoria e essa mudança tem o objetivo de calar o movimento sindical”, explica Magno Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp).
Terceirizados
Em 7/4 os trabalhadores terceirizados entraram em greve, como noticiado no Informativo Adusp 323. Contratados pela USP para cuidar da limpeza no campus, não receberam ainda o último salário e isso os levou a realizar um piquete na Reitoria (13/4) e bloquear a entrada do local desde 15/4.
No dia 11/4 as aulas foram suspensas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) por absoluta falta de condições sanitárias, pois o lixo estava se acumulando na unidade. A Coordenadoria de Administração Geral (Codage) efetuou nesse mesmo dia o depósito com o valor da prestação de serviço da União, mas como essa empresa está inscrita no Cadastro de Inadimplência do Estado (Cadin), o repasse feito pela USP não pôde ser concretizado e os trabalhadores terceirizados continuam sem receber os salários a que fazem jus.
Um dos trabalhadores, Mauro Gomes, diz que eles continuam cumprindo o horário de trabalho, que vai das 8 horas às 15 horas, porém, protestando em frente à Reitoria: “É uma canseira. Pode perceber que aqui tem muito mais mulher do que homem, a maioria mãe de família. Muitas moram longe e tem dias que acabamos ficando até as 22 horas para ver se alguma coisa muda”.
O Sintusp é contra a separação de categorias de trabalho na USP. “Nossa luta de verdade é para acabar com a terceirização. O que ocorre nessa Universidade é uma semi-escravidão”, conclui Magno de Carvalho.
Informativo nº 324
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