Paralisação no HU cobra vacinação de todas as pessoas que atuam no hospital e respeito à sentença sobre grupo de risco

Comissão de representantes da categoria faz plantão na tentativa de ser recebida pelo superintendente Paulo Margarido. “É inaceitável que o superintendente mantenha postura intransigente ao não receber e [não] dialogar com o sindicato e os trabalhadores, tomando ações sem nenhuma transparência”, considera o Sintusp

Sintusp

Trabalhadora(e)s do Hospital Universitário (HU) da USP entraram nesta terça-feira (2/2) no segundo dia de paralisação de suas atividades para reivindicar a vacinação contra a Covid-19 de efetiva(o)s, terceirizada(o)s e residentes. A paralisação foi iniciada às 7h da segunda-feira (1º/2), envolvendo todos os setores, e prosseguiu nos turnos da tarde e da noite. O movimento também lembra e homenageia trabalhadora(e)s da universidade que faleceram vitimados pela Covid-19.

Uma comissão de funcionária(o)s e diretora(e)s do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) permanece “de plantão” na diretoria do HU na tentativa de ser recebida pelo superintendente do hospital, Paulo Ramos Margarido. Na segunda-feira pela manhã, a comissão não foi recebida, alegadamente porque Margarido estava “em reunião”. Mais tarde o superintendente deixou o HU sem falar com ninguém.

Nesta terça, a vereadora Luana Alves (PSOL), psicóloga formada pela USP, tentou conversar com Margarido, mas também não teve sucesso. “É inaceitável que o superintendente mantenha postura intransigente ao não receber e [não] dialogar com o sindicato e os trabalhadores, tomando ações sem nenhuma transparência”, considera o Sintusp.

Um ofício encaminhado pelo sindicato à Superintendência apresenta as principais reivindicações que motivaram a paralisação:

  • vacinação para toda(o)s que trabalham no HU, efetiva(o)s, terceirizada(o)s e residentes; transparência quanto às datas em que chegam as vacinas e em que ordem cada setor será vacinado;
  • cumprimento imediato da decisão judicial referente à ação civil coletiva que determina queservidora(e)s do HU do grupo de risco para a Covid-19 sejam mantida(o)s em locais com baixo risco de contágio e que aquela(e)s que estão em teletrabalho e em escala de revezamento com limitação presencial mínima permaneçam trabalhando dessa forma;
  • definição das áreas de risco do hospital e criação de um grupo de trabalho entre administração, sindicato e representantes dos funcionários, com técnicos especializados para a definição das áreas de menor risco, considerando que, “enquanto não há vacinação para todos, não há áreas sem risco dentro do hospital, visto que esses trabalhadores estarão expostos no próprio hospital e no transporte”;
  • transparência no número de trabalhadora(e)s que serão contratada(o)s e renovação dos contratos da(o)s temporária(o)s que já estão no HU.

Sintusp

Hospital recebeu 700 doses, mas Sintusp calcula que precisam ser vacinadas 1.998 pessoas

A vacinação da(o)s funcionária(o)s do HU começou no último dia 21/1, mas apenas 200 doses foram aplicadas. Na avaliação do Sintusp, são 1.998 as pessoas que precisam ser imunizadas no hospital.

De acordo com a Superintendência do HU, “seguindo as orientações da Secretaria Municipal de Saúde”, as vacinas “destinam-se especificamente aos profissionais (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem) que atuam na UTI-Adulto e Gripário)”.

Na última quinta-feira (28/1), a Superintendência publicou comunicado no qual afirma que a Secretaria Municipal da Saúde havia disponibilizado mais 500 doses da CoronaVac para o HU. “Utilizando os critérios de priorização e as recomendações do Plano de Imunização do Município de São Paulo, finalizaremos a imunização das equipes onde a vacinação já foi iniciada”, diz o comunicado.

A Superintendência diz ainda que a seguir será iniciada a vacinação por faixa etária, o que será definido a partir da “contagem da quantidade de pessoas por idade e quantidade de vacinas disponibilizadas”.

“Não sossegaremos [Superintendência e Reitoria da USP] até que todos os servidores do HU possam ser contemplados com a vacinação”, prossegue o comunicado, ressalvando que serão respeitadas as “prioridades estabelecidas pelas autoridades nacionais, estaduais e municipais”.

O Informativo Adusp enviou à Assessoria de Imprensa do HU, na tarde desta segunda-feira, questionamentos sobre os procedimentos em relação ao novo lote de 500 vacinas. A reportagem perguntou se essas vacinas já foram aplicadas e, em caso negativo, qual a previsão de aplicação. Perguntou também como estão as negociações com as secretarias municipal e estadual da Saúde e com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP para que o HU receba doses suficientes para vacinar todo o pessoal efetivo e terceirizado e a(o)s residentes. Até a tarde desta terça, a assessoria não havia respondido.

Frente Paulista em Defesa do Serviço Público divulga moção de apoio à paralisação

As cerca de 80 entidades que integram a Frente Paulista em Defesa do Serviço Público divulgaram nesta segunda-feira uma moção de apoio à paralisação da(o)s funcionária(o)s do HU. “Importante lembrar que mais de uma centena de trabalhadores foram contaminados, e destes, dois funcionários do HU faleceram!”, diz a moção.

“Não aceitaremos perder mais nenhuma vida pela inoperância do governo estadual, da Reitoria da USP e da Superintendência do Hospital. Também reivindicamos que o governador João Doria receba em audiência, mesmo que virtual, representantes do Sintusp e dos trabalhadores do HU, para a reunião solicitada para tratar do tema, e que até o momento, não foi agendada”, declara ainda a nota.

EXPRESSO ADUSP


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