A Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Transportes (SMT), divulgou em 21/12/2017 o novo edital de licitação dos ônibus da capital para consulta pública. O edital prevê diversas mudanças nas concessões do sistema do transporte público, dentre elas a reorganização das linhas de ônibus. A Prefeitura alega que a reestruturação das linhas servirá para aumentar a eficiência do sistema de transporte, com redução do tempo de viagens, por meio de trajetos mais curtos e com mais baldeações entre ônibus. Entretanto, apesar de a Prefeitura anunciar um aumento de 10% na capacidade de transporte de passageiros, o edital prevê que 149 linhas de ônibus serão cortadas.

Os membros da comunidade USP que dependem do transporte coletivo estão entre os usuários diretamente afetados pela reorganização das linhas. Atualmente, oito linhas de ônibus têm a Cidade Universitária como destino, mas esse número cairá para somente cinco se a reorganização prevista na licitação não sofrer alterações. Apenas as linhas 8012-10, 8022-10 (os circulares) e 7411-10 (Praça da Sé – Cidade Universitária) não sofrerão modificações.

Segundo a reorganização prevista pela licitação, as linhas 701U-10 (Metrô Santana – Cidade Universitária) e 7181-10 (Terminal Princesa Isabel – Cidade Universitária) serão eliminadas. A linha 177H-10, que liga o Metrô Santana ao campus, não seguirá mais até a USP, passando a ter como destino o Terminal Pinheiros.

A linha 702U-10, que faz o trajeto do Terminal Parque Dom Pedro II ao campus pela Avenida Rebouças, será substituída pela linha 908T-10, mantendo os destinos, mas percorrendo a Rua Augusta e a Avenida Cidade Jardim. Já a linha 809U-10 (Metrô Barra Funda – Cidade Universitária) será seccionada: a linha 809U-10a irá da Barra Funda ao Metrô Vila Madalena, enquanto a 809U-10b ligará a USP ao Metrô Vila Madalena.

Omissão da Prefeitura

“A Prefeitura está sendo bastante omissa e insuficiente na comunicação, porque não é simples. A preocupação é a seguinte: a racionalização vai deixar as linhas mais curtas, então isso pode melhorar a frequência das linhas. Mas não é tão fácil. Não é porque você encurta a linha que ela fica mais frequente, tem que fazer a mudança da agenda, do cronograma da linha. Não é um resultado direto”, diz ao Informativo Adusp Rafael Calabria, pesquisador de mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). Além disso, destaca, a rede de ônibus foi planejada no passado para não ter baldeação. “Os pontos de ônibus via de regra são afastados das esquinas para não atrapalhar o trânsito, então baldear está desestimulado e desplanejado, teria que mudar a rede de pontos para concordar com este modelo de baldeação. Então, tem muitos e muitos pontos que precisam ser qualificados para se ter um sistema de baldeação inteligente”.

Para o pesquisador do IDEC, a Prefeitura também pecou por não envolver os usuários dos ônibus na discussão sobre a reorganização das linhas. “O usuário tem muito conhecimento da linha, conhece os problemas, e precisa colaborar com o debate”, afirma Calabria. “A prefeitura fez o básico, que é mostrar o novo número de linhas, mas não fez todo o resto. Comunicou de forma burocrática (com os mapas das mil linhas, uma linha por mapa), e não está fazendo a comunicação do que vai mudar, do que vai diminuir, aumentar, etc…”.

“Essa modificação foi feita sem consultar a comunidade, nem a universitária nem os moradores da região, como da comunidade São Remo”, afirma a estudante Nicole Herscovici, diretora do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE). Na sua avaliação, as mudanças vão dificultar o acesso à Cidade Universitária precisamente no ano “em que, pela primeira vez, teremos estudantes com cotas via Fuvest”, o que é extremamente problemático.

“A gente já vive um problema com os circulares na USP, que são muito lotados, principalmente nos horários de pico. Tirando essas linhas, que eram alternativas para os estudantes, os circulares vão ficar ainda mais lotados, o que é prejudicial principalmente para os funcionários e estudantes do período noturno”, explica Nicole. “Outro exemplo é que vão mudar a linha [177H-10] que os estudantes de Enfermagem e Medicina, do campi em Pinheiros, utilizam para acessar a Cidade Universitária para suas disciplinas diárias”.

EXPRESSO ADUSP


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