Estudantes da USP e moradores do Butantã montam acampamento em defesa do HU

foto: Daniel Garcia

Desde 30/8, estudantes e moradores da região do Butantã estão acampando em frente ao Hospital Universitário (HU) para resistir ao desmonte de seus serviços. Trata-se de uma iniciativa conjunta do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme”), Coletivo Butantã na Luta, Associação dos Docentes (Adusp) e Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp).

O objetivo do acampamento é chamar a atenção da comunidade USP e da população da região para o sucateamento do HU, posto em prática pelo reitor M. A. Zago desde 2014 e que persiste na atual gestão de Vahan Agopyan. De dezembro de 2014 a julho de 2018, o HU perdeu 22% de seu pessoal, primeiro devido ao Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) e, depois, pela sobrecarga de trabalho causada pelo não preenchimento das vagas em aberto.

Daniel Garcia
Estudantes acampados diante do HU

No fim de 2017, a Assembleia Legislativa (Alesp) chegou a aprovar uma emenda orçamentária que destinaria R$ 48 milhões à contratação de funcionários. O reitor Agopyan, entretanto, foi contrário à emenda, que caracterizou como uma quebra da autonomia universitária. Mesmo após diversos atos por sua aplicação, a emenda foi vetada pelo governador Márcio França (PSB).

“O acampamento é resultado de uma sequência de ações que viemos tomando”, explicou Santana Silva, membro do Coletivo Butantã na Luta, destacando a derrubada do veto do governador como uma das reivindicações. “É um acúmulo que vem desde a greve [dos estudantes] da medicina, o abraço ao hospital, o abaixo-assinado com 60 mil assinaturas e as diversas idas à Alesp. É uma série de movimentos em defesa do hospital universitário”.

“A repercussão tem sido muito forte”, afirmou Silva, citando como exemplos a visita da deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e do médico Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, e o fato de que sete emissoras de rádio e uma de televisão já noticiaram a manifestação. “A repercussão entre os moradores então também está muito boa”.

Para a estudante Laura Martim, diretora do DCE, a recepção do acampamento entre os estudantes tem sido positiva. “A gente teve uma assembleia geral ontem e, no final, todos os estudantes vieram em caminhada para o acampamento”, descreveu Laura. “Conseguimos fazer uma articulação entre todas as forças do movimento estudantil e os centros acadêmicos, todos aderiram bastante. Nosso esforço tem sido conversar com o estudante comum, principalmente quem é calouro, que não sabe o que está acontecendo com o hospital”.

O acampamento vem abrigando diversas atividades políticas, culturais e lúdicas. Já foram realizadas rodas de conversa sobre a história do HU e sobre a reestruturação dos serviços de saúde, além de uma aula aberta de yoga, estando previstos também uma aula pública sobre a Saúde da Mulher e um sarau. No sábado, dia 1/9, o movimento realizaria uma plenária para decidir a continuidade do acampamento.

EXPRESSO ADUSP


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