O diretor da Faculdade de Direito da USP, professor Floriano de Azevedo Marques Neto, divulgou na última quarta-feira (25/11) nota na qual condena o ataque cibernético ao webinário “Acesso à Justiça e Racismo Estrutural”, realizado na véspera, sob a coordenação dos professores Carlos Alberto de Salles e Susana Henriques da Costa.

Logo no início do seminário, aberto ao público, “alguns ingressantes começaram a inserir sons e imagens agressivas, cenas pornográficas, referências hitleristas e nazistas fazendo impossível a continuidade do evento”, diz a nota. “Os professores rapidamente providenciaram uma nova sala virtual para a qual migraram conseguindo assim prosseguir com o seminário, mas não sem prejuízo do acesso a parte do público que havia ingressado na sala original.”

O diretor da FD afirma que o episódio, “mais um do que tem se tornado uma infeliz rotina”, não ficará impune. “As autoridades policiais do Estado de São Paulo já foram acionadas e o Ministério Público está comprometido com as investigações e a punição dos responsáveis. Mais do que uma ação deplorável de racismo, trata-se de um atentado à liberdade de expressão, cátedra e ensino”, reforça. “Como escola de Direito e como universidade pública não pouparemos esforços para que as investigações identifiquem os responsáveis e que eles sejam punidos como determina a lei”, prossegue Marques Neto.

“A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, nestes quase duzentos anos, não se calou diante do poder, de ditaduras ou da força. Não se calará diante de ações e discursos de ódio e preconceito. Não será a covardia da proteção do mundo virtual que nos retirará o orgulho de seguirmos como uma Tribuna Livre”, finaliza a nota do diretor.

O Departamento de Direito Processual da FD, ao qual estão vinculados os docentes organizadores da atividade, também emitiu nota na última sexta-feira (27/11) condenando o ataque. “Considerando que o tema do evento era ‘Acesso à Justiça e Racismo Estrutural’ e contava com dois professores negros como palestrantes, bem como o tipo de imagens e frases utilizadas pelos invasores, verifica-se clara motivação racista, a dar ainda maior gravidade ao ocorrido”, diz o texto.

“Mesmo em versão eletrônica, esse ataque teve evidente conteúdo de violência. Buscou gerar medo, insegurança e desconforto para participantes e organizadores, levando de roldão direitos fundamentais de todos, como aqueles de expressão, de livre pensamento e de reunião”, prossegue a nota do departamento.

Na sua página no Facebook, a FD ressalta que a unidade “está atenta às medidas de segurança no uso de suas plataformas de videoconferência, para que esses atos não voltem a se repetir”.

EXPRESSO ADUSP


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