Defesa da Universidade
GT PRAA emite comunicado em tom de despedida
Divulgado nesta quarta-feira (4/8), o 18º Comunicado do Grupo de Trabalho Readequação do Ano Acadêmico (GT PRAA), coordenado pelo vice-reitor Antonio Carlos Hernandes, soa como anúncio do encerramento de suas atividades, ainda que isso não seja explicitado no texto. O GT PRAA foi constituído pela Reitoria com a finalidade de formular as políticas institucionais de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Trata-se de um restrito grupo de docentes, estreitamente ligados à estrutura de poder da universidade. Suas orientações vêm sendo alvo de fortes críticas, por não ouvir a comunidade e por seu descolamento da realidade.
“O avanço da vacinação no Estado de São Paulo estabelece um novo patamar para as condições epidemiológicas da pandemia de Covid-19. O GT PRAA reunido em 2/8/2021 considerou que a imunização é fator essencial para a retomada das atividades presenciais na Universidade de São Paulo. O Magnífico Reitor, presente na reunião, definiu que as próximas etapas se darão por normativa da autoridade máxima da instituição, a ser publicada brevemente”, diz o comunicado, dando a entender que o risco maior já passou e que, daqui para a frente, o próprio reitor se ocupará do assunto.
“Assim sendo, os membros do GT PRAA agradecem a toda a comunidade universitária pelo respeito ao seu semelhante e pelo apoio para que as normas de biossegurança pudessem ser amplamente difundidas e adotadas. Mesmo com a imunização, recomendam fortemente a manutenção do uso de máscaras, o distanciamento físico e a higienização constante das mãos”.
Reforçando o tom de despedida, o comunicado é encerrado com agradecimentos específicos “ao Centro de Contingência do Estado de São Paulo, aos membros do GT-USP Covid-19, aos professores de medicina e enfermagem das diferentes unidades de ensino e ao superintendente do Hospital Universitário, em nome de quem estendemos os agradecimentos a todos os profissionais de saúde que nos auxiliaram na tarefa de orientar a comunidade universitária ao longo desse desafiador momento da nossa história”.
Dubiedade do “18º Comunicado” quanto à cobertura vacinal
O entendimento de que a imunização é fator essencial corrobora o que as entidades representativas e vários movimentos têm defendido, no entanto o documento não deixa claro se tal imunização se refere à vacinação individual ou à imunidade populacional — que só será alcançada quando cerca de 70% da população for vacinada. Vale lembrar que os 15o e 17o comunicados do GT PRAA pressupõem que a vacinação individual bastaria para determinar o retorno das pessoas às atividades presenciais.
É o que parece sugerir o teor do atual comunicado, ao agradecer à comunidade universitária por apoiar a difusão e adoção das “normas de biossegurança” e ao recomendar “fortemente” a manutenção do uso de máscaras, o distanciamento físico e a higienização constante das mãos, “mesmo com a imunização”. São medidas corretas, obviamente, mas que não devem ser vistas como condição suficiente para um retorno seguro ao trabalho presencial.
O encerramento repentino das atividades do GT PRAA pode estar relacionado às pretensões eleitorais de Hernandes. O vice-reitor é o presumível candidato oficial à sucessão do reitor Vahan Agopyan. Nesse sentido, precisa estar desimpedido para a intensa movimentação que o processo de sucessão reitoral passará a exigir nos próximos meses, sem o risco de se associar diretamente a decisões que possam comprometer sua candidatura.
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