Defesa da Universidade
Marcha em defesa do HU mobiliza estudantes de diversos cursos da USP

Foto: Daniel Garcia
Estudantes de diversos cursos de graduação da área de Saúde da Universidade de São Paulo reuniram-se, em 19/4, em frente ao Hospital Universitário (HU), para protestar contra as ameaças de desvinculação do hospital e o desmonte a que ele vem sendo submetido pela gestão M.A. Zago-V. Agopyan. “Há muito tempo que a situação do hospital vem piorando, principalmente com o PIDV [Programa de Incentivo à Demissão Voluntária]. Então a gente decidiu começar a se articular com os cursos da Saúde para fazer algo grande”, declarou ao Informativo Adusp a estudante Maria Luisa, presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), da Faculdade de Medicina.
O ato resultou de uma articulação entre o CAOC e os centros acadêmicos Arnaldo Vieira de Carvalho (CAAVC), dos cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional; de Fármacia e Bioquímica (CAFB); 31 de Outubro (de Enfermagem); XXV de Janeiro (de Odontologia); o Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) e o Fórum Popular de Saúde.
Para Glauco Marinho Plens, sextanista de Medicina e que faz internato no HU, as consequências do PIDV — que resultou no desligamento de 200 funcionários e 18 médicos do hospital — já são vísiveis: “Com o PIDV, principalmente no quadro de enfermagem, perdemos muito pessoal. Antigamente, havia mais profissionais por paciente e o atendimento era mais adequado. Com menos profissionais, há mais sobrecarga e a atenção ao paciente acaba sendo prejudicada. Houve também casos de médicos que se demitiram porque a situação estava insustentável, com carga horária muito grande de plantões. Quem ficou está mais sobrecarregado”.
Outro reflexo do sucateamento do hospital é o prejuízo à formação dos estudantes. Hoje, o hospital recebe para atividades práticas 2.430 alunos, oriundos dos cursos de Enfermagem, Fármacia, Medicina, Odontologia, Biociências, Ciências Biomédicas, Psicologia, Obstetrícia, Gerontologia, Saúde Pública e Nutrição.
Centro de ensino
“Os estudantes de Farmácia podem realizar no HU a residência farmacêutica, que é um trabalho de integração entre equipes multiprofissionais de saúde. Essa residência não é tão fácil de realizar. Sem ela perdemos um importante centro de ensino”, revela Caio Lourenço, estudante do 3º ano de Fármacia.
“Aqui é um hospital de nível secundário, as pessoas chegam no pronto-socorro com casos comuns, como pneumonia, gripe. A gente aprende a lidar com os problemas que são mais prevalecentes na população, ao contrário do Hospital das Clínicas, onde só chegam casos mais complicados. É importante também, mas, pensando nas doenças mais prevalecentes, é no HU que aprendemos a ser médicos”, comenta Giovanna Villela, do segundo ano de Medicina.
Uma das reivindicações do protesto é a contratação de profissionais pela USP, e não pela Secretária de Saúde ou por alguma “Organização Social”. “Se o HU for desvinculado [da USP], os médicos contratados não vão ter a intenção de ensinar. É muito diferente aprender em um hospital-escola e aprender em um hospital normal. Se fosse assim poderíamos fazer um vínculo com qualquer hospital. Aqui no HU podemos fazer as cirurgias, fazer atendimentos longos, discutir casos. Em um hospital normal do SUS não há esse tempo para o ensino”, explica Giovanna.
O ato de protesto, que começou no HU, percorreu a Av. Lineu Prestes até o Portão 3 da USP, e seguiu pela Av. Corifeu de Azevedo Marques até a comunidade São Remo, onde os manifestantes procuraram dialogar com a população local, uma das mais afetadas pelo sucateamento do hospital. “O que está acontecendo na USP não é só isolado. Outros hospitais escolas estão sofrendo diversos ataques, como o da Unifesp. O que acontece na USP é ainda mais grave porque diz respeito a um projeto que o reitor tem aplicado. Temos a responsabilidade de unir as pautas de defesa da saúde pública e da educação”, diz Natália Peccin, estudante de Enfermagem e diretora do DCE.
“A Reitoria quer fazer parecer que o HU não realiza atividades-fins. Muito pelo contrário. É muito importante que o HU esteja ativo, ao contrário das políticas adotadas pela Reitoria para estrangular o HU pela falta de servidores. É extremamente importante a iniciativa dos estudantes de resistir à essa política da Reitoria”, avalia o professor César Minto, da Associação dos Docentes (Adusp), que compareceu ao ato e acompanhou a marcha. A coordenação do Fórum das Seis também participou do ato, representada pelo professor João Chaves, presidente da Adunesp.
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