Defesa da Universidade
Movimento pelo HU confronta tergiversações do reitor
foto: Daniel Garcia
Adusp, Sintusp, DCE, os centros acadêmicos dos cursos de Saúde e o Coletivo Butantã na Luta, de moradores da região, organizaram um protesto e um simpósio pela defesa do Hospital Universitário (HU) na segunda semana de maio. As atividades reagem à postura evasiva do reitor Vahan Agopyan, que até agora não garantiu a aplicação da emenda orçamentária de R$ 48 milhões aprovada na Alesp, em dezembro de 2017, como recurso adicional ao Orçamento da USP, destinado à contratação de funcionários para o HU. Ele alega “ingerência externa” na autonomia da universidade.
Daniel Garcia |
Manifestação de 8/5 e primeira mesa do simpósio em 9/5: cresce mobilização pelo HU |
Presente ao encerramento do primeiro dia do simpósio, o deputado estadual Carlos Neder (PT) descreveu o discurso errático do reitor. “Em um primeiro momento ele desconhecia esta possibilidade de acréscimo dos R$ 48 milhões, acima das receitas do ICMS. Depois, disse que estava condicionado à questão do Pré-Sal e ao ingresso de recursos que poderiam eventualmente viabilizar a emenda. Depois disse que esse dinheiro acabaria sendo utilizado para pagamento de inativos, aposentados; coisa que achamos um absurdo, não deveríamos colocar na conta da USP gastos com inativos, é completamente inadequado”, explicou Neder.
“Grupo 1”
Apesar do discurso evasivo da Reitoria, Neder anunciou uma boa notícia: o deputado estadual Marco Vinholi (PSBD) apresentará um projeto de lei que corrige a inserção, no Orçamento, da emenda dos R$ 48 milhões destinados ao HU. O projeto busca colocar a emenda no grupo 1 de despesas, voltado para gastos com pessoal. Inicialmente, a emenda foi apresentada no grupo 3, de despesas com custeio. “Mas isso [o erro nos grupos de despesas] propriamente não é nenhum impeditivo, não há nenhum impeditivo legal, é uma decisão política mesmo. Não há nada na legislação que impedisse que já se tivesse adotado uma ação a respeito disso”, explicou Lester Amaral Jr., membro do Coletivo Butantã na Luta que acompanhou a tramitação da emenda na Alesp.
Lester Amaral também utilizou o primeiro dia de simpósio para descrever a reunião do reitor da USP com o Ministério Público (MP). “Depois de grande esforço, ontem [8/5] o reitor foi convocado e ouvido pelo MP. Segundo o promotor público com quem conversei, o reitor teve uma posição mais aberta que o reitor anterior, muito mais aberta, preocupado. A questão da desvinculação [do HU] foi deixada de lado de verdade, [o reitor] disse que é preciso assumir a responsabilidade, mas nada disse a respeito da questão do concurso público [para contratação de funcionários via USP]”, explicou, sem deixar de acrescentar um contraponto, a resistência de Vahan em receber o movimento: “Por outro lado o próprio movimento em defesa do HU já entregou mais de 60 mil assinaturas para o MP, para o superintendente do HU e teve que protocolar para o reitor. Já reiterou pelo menos umas sete ou oito vezes o pedido de reunião [com Vahan], e não foi recebido até hoje”.
Apesar de Vahan Agopyan sinalizar, na reunião com o MP, uma atitude mais positiva comparativamente à do então reitor M. A. Zago, Lester Amaral alertou para as consequências nocivas do discurso protelatório do atual reitor. “Já tivemos três reuniões com a superintendência do hospital, que tem posições interessadas, defendendo o concurso público. Só tem um problema: perdemos o tempo de bola, porque o concurso que não for homologado, ou seja, que não tenha publicado os aprovados até o dia 7/7, não poderá contratar as pessoas [em razão da lei eleitoral]. Isso é um problema sério, que nos levará eventualmente a pensar em alternativas, como contratações emergenciais pela USP, que não é o que queremos”, afirmou.
“Essa coisa de encerrar o período de fazer contratações, é um tempo quase impossível. Analisando assim, parece que há má-fé do reitor, que sabe que tem que contratar logo e não contrata. O que está acontecendo é que estamos cozinhando no óleo fervente”, comentou o médico Cornelius Mitteldorf, chefe da Cirurgia do HU e um dos membros da mesa, composta ainda pela médica sanitarista Miriam Ribeiro e pela funcionária Bárbara de La Torre, do setor de estatísticas do HU.
Na terça-feira, 8/5, o movimento em defesa do HU realizou um ato que percorreu a Avenida Vital Brasil, partindo do Centro Saúde-Escola em direção à estação Butantã do Metrô. No dia seguinte, 9/5, no auditório do HU, teve início o simpósio “A importância de um hospital universitário como unidade de ensino”, composto por duas mesas, intituladas “Que Hospital Universitário nós queremos?”, na quarta-feira, e “Diferentes modelos de gestão e seus impactos”, na quinta-feira.
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