Defesa da Universidade
SCS extingue versão impressa do Jornal da USP e reduz TV à web
A Superintendência de Comunicação Social da USP (SCS) inicia 2016 preparando uma reestruturação no setor de comunicação da Universidade, que envolve a extinção do Jornal da USP (ao menos na sua atual forma impressa), a retirada da TV USP do ar (e do Canal Universitário) e sua transformação em TV exclusivamente web, e a criação de um portal digital que reunirá todas as mídias da universidade.
O professor Eugenio Bucci, superintendente de Comunicação Social desde agosto de 2015, garante que a ideia é integrar mais eficientemente a comunicação da USP. O Jornal da USP deixa de ser semanal e passa a ser diário, para ter atualizações online: “O mundo não é mais jornal impresso e os hábitos das novas gerações são diferentes das anteriores. Nosso propósito é o ganho de qualidade, velocidade, agilidade e alcance”.
Semanal e com tiragem de 20 mil exemplares, o Jornal da USP é a mais antiga publicação universitária do País e é distribuído por todos os campi da USP desde 1985. Bucci alega que o encerramento da produção impressa do jornal não está vinculado à crise financeira da universidade. Mas informa que a medida permitirá economia de R$ 500 mil anuais, com gastos de impressão que deixarão de ocorrer, mais R$ 50 mil anuais que seriam economizados com distribuição, “pois o jornal é levado para todas as unidades da USP e normalmente [os exemplares] ficam empilhados”.
A TV USP, segundo ele, também não terá suas atividades encerradas, uma vez que o canal “ já estava desarticulado e, neste momento, existe uma oportunidade de produzir conteúdos em vídeo de um jeito mais dinâmico”. Desse modo, a TV USP deixa a emissora do Canal Universitário e poderá ser assistida apenas na Internet, como simples anexo do portal IPTV-USP.
Fruto de GT
A reestruturação, segundo o superintendente, é produto das conclusões de um Grupo de Trabalho (GT) criado pelo reitor em 7/3/14, que analisou a área de comunicação da universidade e a articulação entre os diferentes formatos midiáticos, responsáveis pela circulação de informação nos campi da USP.
Compuseram o GT os professores Carlos Ferreira Martins (IAU), presidente; André Singer (FFLCH), Luiz Fernando Santoro (ECA) e Eugênio Bucci (relator) e as professoras Elizabeth Saad (ECA) e Margarida Krohling Kunsch (ECA). O relatório final indicou que “há pouca coordenação efetiva entre os trabalhos das diversas equipes e das diversas divisões” da SCS em relação ao conteúdo produzido por suas diversas mídias: Agência USP de Notícias, Jornal da USP, Revista USP, Rádio USP, TV USP e USP Online.
O jornalista Luís Ribeiro, funcionário que atua na Rádio USP de Ribeirão Preto e diretor do Sintusp, vê as mudanças com preocupação: “É lamentável que tudo isso seja construído sem a participação dos funcionários e da comunidade acadêmica, com as decisões vindas de ‘cima para baixo’”. A seu ver, tais decisões apenas “refletem a política antidemocrática da gestão Zago”.
Uma funcionária do setor, que preferiu não se identificar, critica igualmente as medidas anunciadas: “Uma decisão tomada mais por conta dos custos, do que de realizar um grande projeto para a comunicação da USP. E como é que a gente vai construir esse projeto, sem verba e com cortes? Tínhamos uma equipe muito boa, que foi se desmotivando e saindo, por causa da falta de um projeto que integrasse os funcionários. A comunicação tem de ser melhorada, ao invés de fechar jornal e TV”.
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