Democracia na USP
Reitoria processa alunos e funcionários e suspende dois diretores do Sintusp
A Reitoria da USP está movendo um processo administrativo disciplinar contra três estudantes da FFLCH e dois diretores do Sintusp. Motivo: a participação deles em manifestação contra a extinção da Bolsa-Trabalho e a criação da Bolsa Aprender com Cultura e Extensão, ocorrida diante da Reitoria, em 17/6/2008. Naquela manhã, o local abrigaria uma reunião ordinária do Conselho Universitário (CO), cujo início, contudo, foi atrasado pela manifestação. Alguns conselheiros tentaram forçar a entrada, entrando em conflito com os manifestantes.
Em 4/7, a reitora Suely Vilela assinou a portaria interna 2.107/2008, que determina a instauração do processo administrativo. O texto afirma que os estudantes e diretores do Sintusp “impediram, mediante uso da força física (empurrões), o ingresso de servidores e professores da USP (…) ao prédio da Reitoria” e que as “faltas disciplinares de natureza grave sujeitam os infratores à pena de eliminação definitiva, nos termos dos artigos 249, IV, e 205, VII, do Decreto nº 52.906, de 27 de março de 1972”. Os professores Glaucius Oliva e Sylvio Sawaya registraram boletim de ocorrência sobre o fato na 93ª Delegacia de Polícia.
Como a manifestação ocorreu por deliberação de assembléia, o DCE vem mobilizando-se para arquivar o processo, colocado “dentro de um contexto de punições que os estudantes sofrem por manifestações políticas dentro da USP”, segundo a estudante Larissa Lira, do diretório. Para ela, a Reitoria tenta enfraquecer o movimento estudantil: “É público e notório que não houve qualquer tipo de violência. Nossa prioridade absoluta é que esses meninos se mantenham no curso, sem qualquer prejuízo a seus currículos".
Procurado, o professor Sawaya não respondeu ao Informativo Adusp até o fechamento desta edição.
Sintusp
A Reitoria suspendeu do trabalho, no início de outubro, os funcionários Claudionor Brandão e Luiz Cláudio, ambos diretores do Sintusp, por 20 e 15 dias respectivamente. Ambos haviam sido submetidos a processo disciplinar, acusados de haver atuado na defesa de “interesses estranhos à categoria” quando estavam liberados, pela USP, para atividade do sindicato.
Porém, o Sintusp esclarece que eles participavam naquele dia, efetivamente, de uma reunião do Conselho Diretor de Base (CDB) da entidade, quando se dirigiram à Reitoria, por delegação do CDB, para dar apoio a uma manifestação de protesto dos trabalhadores terceirizados da empresa União, que se encontravam com salários atrasados, sem vale-transporte e, em alguns casos, obrigados a fazer suas refeições nos banheiros.
A dignidade e os direitos dos funcionários terceirizados devem ser respeitados. O Sintusp atendeu a uma solicitação de apoio desses trabalhadores, o que legitima a presença dos diretores do sindicato na citada manifestação. Puní-los com suspensão reflete o desejo de constranger o movimento sindical na USP.
A Adusp repudia esse ataque à organização sindical e estudantil.
Matéria publicada no Informativo nº 270
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