Democracia na USP
Reitoria processa funcionários e estudantes
A Reitoria da USP, por intermédio da Procuradoria Geral (PG-USP), abriu processos administrativos contra funcionários técnico-administrativos e estudantes da universidade, em razão da manifestação de protesto realizada durante reunião do Conselho Universitário (Co) de 14/4/15, que ocorreu no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Durante a sessão, que dava continuidade ao processo, iniciado em 2014, de revisão do Estatuto da USP, funcionários e estudantes da universidade realizavam um protesto para pressionar o Co, quando ativistas do movimento negro, em movimento paralelo, solicitaram ao reitor M.A. Zago que aceitasse a entrada de quatro pessoas na reunião. Esses representantes foram levados ao encontro de uma comissão designada pela Reitoria. No entanto, diante da negativa da Reitoria ao pedido, os manifestantes decidiram irromper no IPEN.
Em virtude do ocorrido, a PG-USP instaurou processos administrativos, sem, no entanto, passar por sindicância, como deveria ocorrer. Segundo Bruno Coturri e Felipe Cavalheri, diretores do Sintusp, tais processos são de “três tipos”, em função da natureza dos vínculos que os processados têm com a universidade: um deles envolve três funcionários, baseado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “para apurar falta grave e portanto [propiciar] demissão por justa causa”; outro, envolve quatro pessoas que possuem vínculos com a USP (funcionário estatutário ou estudante) e baseia-se tanto na CLT quanto no Regimento Disciplinar da universidade (RD); e um terceiro envolve três estudantes e baseia-se apenas no RD. Os três processos, dizem os entrevistados, foram instaurados em junho de 2015, mas as intimações só foram enviadas em outubro de 2016.
Perseguição
Coturri diz que o fato de o envio das intimações só haver ocorrido em outubro deste ano, mais de um ano após a abertura dos processos, não é mero acaso, pois a Reitoria prefere dar andamento aos processos e sindicâncias contra funcionários e estudantes “em momentos de refluxo”, após movimentos de greve. “É sempre bom lembrar que o Claudionor Brandão [dirigente do Sintusp, exonerado por perseguição política na gestão de J.G. Rodas] foi demitido no dia 8/12. E agora, o Zago vai aproveitar este momento em que o movimento está mais frágil, depois de uma greve das três categorias”.
Cavalheri, por sua vez, avalia que o critério da gestão M.A. Zago-V. Agopyan é incriminar “novos militantes das categorias”, visando a reprimir “um setor específico da militância”, pois dos sete trabalhadores processados “apenas um tem mais tempo na categoria”. Para ele, os processos têm um claro viés de perseguição política: “Várias pessoas são colocadas em um mesmo processo, sob um monte de acusações genéricas. Juridicamente é um processo bem ruim. É um processo político, porque muitas pessoas poderiam ser identificadas a partir das fotos, pelo mesmo critério que eles utilizaram, e não estão sendo processadas”.
Cavalheri lembra que o julgamento do dissídio coletivo de 2016 foi favorável à categoria, na medida em que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2) considerou a greve “legal, feita dentro dos trâmites corretos, comunicada, deliberada em assembleia, não abusiva” e que, portanto, a USP não deveria ter cortado os salários. A USP não cumpriu a determinação, mas o TRT-2 solicitou à Reitoria que informe se cumpriu a decisão e, em caso afirmativo, “que comprove no processo o cumprimento da decisão do pagamento dos dias parados”.
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