Invasão do campus pela PM foi tema polêmico na FFLCH
fotos: Daniel Garcia
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Manifestação "relâmpago" de estudantes

O debate entre candidatos à reitoria realizado pela Congregação da FFLCH na tarde de quinta-feira (17/09), logo após o debate no ICB, trouxe alguns temas novos à discussão. Criminalização dos movimentos de funcionários e estudantes e ação policial no campus se somaram a temas como reforma da carreira docente, democratização e Univesp, já debatidos pela manhã.

O evento foi dividido em duas partes, a primeira com a presença dos candidatos Grandino Rodas, Armando Corbani, Sônia Penin e Ruy Altafim; a segunda com a participação de Glaucius Oliva, Wanderley Messias, Silvio Sawaya, Francisco Miraglia e o “anti-candidato” Chico de Oliveira (FFLCH). Quatro perguntas, formuladas previamente por docentes, e outras sete, elaboradas durante o debate por membros da Congregação, foram apresentadas em ambos os blocos.

“Vir ou não a polícia no campus não é uma responsabilidade do reitor, é uma responsabilidade de toda a comunidade universitária para que os atos de violência não requeiram o que a sociedade criou como instrumento para resolução de conflitos”, disse Oliva ao responder a perguntas sobre a criminalização do movimento social e a entrada da PM no campus.

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Aspecto do 1º bloco de debates na Congegação

Sawaya, por seu turno, explicou por que apoiou a reitora durante a crise de junho de 2009: “Se durante a gestão dessa reitora nós tivemos que apoiá-la, inclusive quando resolveu chamar a polícia, havia uma consciência clara, pelo menos para mim e alguns colegas, de que era difícil com a reitora, mas seria pior sem ela. A polícia entra no campus solicitada por qualquer dirigente que se sinta cerceado no exercício do seu posto. Isso está no código administrativo e está apoiado na Constituição. Então não dá para dizer que a polícia não entra, depende de uma infinidade de ações. Mas Silvio Sawaya, uma vez reitor (…), se compromete a não chamar a polícia”.

“Aqui não houve vencidos nem vencedores, a USP perdeu. Não soubemos tratar o assunto”, declarou Altafim. “Mas aprendemos como é a nossa polícia, como que ela age com a sociedade. O favelado está sofrendo isso. Então devemos estar preparados, enfrentando esse problema, essa temática, e extraindo posições positivas”.

Sônia Penin, porém, criticou a autorização dada à PM, pois “quando a polícia entra, o reitor sai”. A candidata acredita que os conflitos da universidade devem ser resolvidos dentro da própria instituição. Corbani também acredita que a força policial nunca é solução: “O diálogo deve prevalecer sempre”.

“Isso [recorrer à polícia] não devia ser admitido na universidade”, declarou Chico de Oliveira. “A universidade criou-se no mundo moderno e expandiu-se na direção contrária ao arbítrio, à religião única e dogmática sobre todos. Portanto, abdicar dessa missão civilizatória da universidade já é abdicar dela”.

Diretas já?

O fim da primeira parte do debate foi marcado por um protesto de estudantes, que estenderam faixas atrás da mesa onde se lia “Democracia na USP já”, “Estatuinte já” e “Queremos votar para reitor”. Alguns dos professores presentes bateram palmas.

“O processo eleitoral na USP é profundamente anti-republicano. As pessoas querem que suas opiniões sejam ouvidas, elas querem que sejam construídos processos pelos quais elas se tornem sujeitos da história desta instituição. Elas têm o direito de fazer isso, porque é a partir do trabalho delas — estudantes, professores e funcionários — que esta universidade é construída. E essa é uma discussão que deve ser feita com o corpo da universidade”, acredita Miraglia.

Chico de Oliveira procurou esclarecer o sentido de sua anti-candidatura, afirmando que a estrutura de poder da USP imobiliza os reitores. Citou que algumas grandes unidades estão alheias aos problemas da universidade e atacou a presença de fundações privadas que manejam verbas sem o devido controle público. “Não é possível governar a universidade nesse cenário”, disse. Ele defendeu eleições diretas e universais para reitor.

“A eleição de reitor deve ir ao limite da LDB”, defendeu Corbani. A Lei de Diretrizes e Bases prevê colegiados com 70% de docentes, 15% de funcionários e 15% de professores. Rodas entende que a LDB deve ser um parâmetro inicial no processo de democratização: “Num primeiro momento devemos chegar aos níveis da LDB, e assim prosseguiríamos rumo ao ideal”. Messias elogiou as universidades federais que passaram por um processo de democratização, citando o modelo em que todos votam, depois os votos são ponderados com base nos parâmetros da LDB.

 

Matéria publicada no Informativo nº 292

EXPRESSO ADUSP


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