Protesto provocou adiamento da eleição de reitor
Daniel Garcia
protesto
Protesto "antimonárquico" de alunos das Cênicas

Manifestações por maior democracia na universidade, organizadas por estudantes, funcionários e movimentos sociais, marcaram o segundo turno das eleições para reitor deste ano, adiando por um dia o processo eleitoral, que foi realizado fora da universidade, sob forte aparato policial.

Na terça-feira, 10/11, ao meio-dia, estudantes e funcionários posicionaram-se na entrada da portaria principal do prédio da Reitoria, impedindo a entrada de parte dos membros do Colégio Eleitoral. Ao mesmo tempo, a portaria B, atrás do prédio, era obstruída por militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

“Para a gente, a luta é igual, seja por moradia ou por educação, é a mesma luta. Decidimos estar aqui hoje com os estudantes porque esse é um espaço público, esse lugar é do povo. Então decidimos trazer os trabalhadores, que são pais e são mães, e precisam garantir o futuro dos seus filhos”, afirmou Elias Ferreira dos Santos, militante do MTST.

Impedidos de entrar sob gritos como “aqui só entra trabalhador, burocrata não”, alguns membros do Colégio Eleitoral procuraram um portão lateral, que logo também seria bloqueado por estudantes.

Caracterizados como cortesãos, estudantes das Artes Cênicas ironizavam os membros do Colégio Eleitoral, que reivindicavam seu direito de votar. “Vamos lutar lá dentro, vamos mudar dentro das regras”, dizia uma professora. “Eu fui eleita para estar aqui, eu quero entrar, é um direito meu”, argumentou ela, ao que um estudante da mesma unidade respondeu: “Eu não te elegi. A gente quer que todos possam votar e decidir as coisas nessa universidade”.

Sylvio Sawaya, candidato que ficou do lado de fora, comentou a manifestação: “Hoje não é dia para entrar em conflito, vamos ficar quietos olhando, não vamos forçar a entrada”, disse. “Protestar é legítimo. Impedir é uma forma errada, há outras maneiras talvez mais interessantes”, acredita o diretor da FAU.

Por fim, a Reitoria anunciou, pouco antes das 14 horas, a suspensão do processo eleitoral. “É lamentável, atrasamos o processo de mudança”, comentou a candidata Sonia Penin: “Queremos fazer a eleição para mudar imediatamente o modelo eleitoral”.

Memorial

Os membros do Colégio Eleitoral foram avisados a respeito do novo local de votação, a Biblioteca do Memorial da América Latina, na noite desse mesmo dia, por correio eletrônico, “como previsto no artigo 21 da resolução nº 5802, de 9 de outubro de 2009”. Assim, a Reitoria tentou evitar uma nova manifestação.

Estudantes que chegaram cedo ao Memorial relatam que diversas viaturas da Polícia Militar já se encontravam no local e que agentes da Guarda Universitária vigiavam todos os portões de acesso. Às 12h30, era possível contar, apenas na frente da Biblioteca e do Salão de Atos do Memorial, 12 viaturas da PM, incluindo a Força Tática, e uma Base Móvel, além de inúmeras motocicletas da Rocam e muitas viaturas da Guarda Universitária.

Cerca de 200 manifestantes se concentraram do lado de fora do Memorial, sendo impedidos de entrar, a princípio por uma barreira de homens da Força Tática, munidos de escudos, posteriormente substituídos pela Guarda Universitária. Apenas pessoas cadastradas na lista da Comissão Eleitoral puderam entrar. Nem mesmo a imprensa teve acesso ao local da votação.

Em protesto, estudantes e funcionários fecharam a rua em frente à Biblioteca. Ao longo do ato, houve dois momentos de maior tensão, em que policiais se aproximaram da manifestação empunhando cacetetes, spray de pimenta, armas de grosso calibre e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Mas não houve conflito até o encerramento do ato, por volta das 15h40.

 

Matéria publicada no Informativo nº 297

EXPRESSO ADUSP


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