Entidades e coletivos organizados no movimento SOS Instituto Butantan seguem promovendo ações e iniciativas para evitar que 6.629 árvores sejam derrubadas na área do instituto.

A derrubada faz parte do projeto de construção de um novo complexo industrial no local, de acordo com ofício enviado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pela Fundação Butantan, entidade privada dita “de apoio” que na prática tem se transformado na verdadeira gestora das ações do instituto público.

Nesta quinta-feira (8 de maio), o movimento realiza uma plenária a partir das 18h30min no auditório do Posto de Saúde do Centro de Saúde Escola Butantã (CSEB), na Avenida Vital Brasil, 1490.

O objetivo do encontro é atualizar a comunidade sobre a situação e discutir as próximas ações do movimento.

As entidades reconhecem a importância da fabricação de vacinas, mas defendem que a expansão do complexo deve ocorrer em outras áreas, como o Distrito do Jaguaré.

Além das edificações destinadas à fabricação de vacinas e outros produtos, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) do Butantan prevê a construção de um edifício-garagem, um grande restaurante e vários biotérios.

Representantes das entidades afirmam que desde 2022 têm procurado dialogar com o Instituto Butantan, sem sucesso.

No documento que convida para a reunião desta quinta-feira, o movimento denuncia que o projeto vai gerar impactos “para a flora e a fauna, para os vizinhos e para os equipamentos de atenção em saúde e educação lindeiros ao instituto (o Centro de Saúde Escola, a Escola Alberto Torres, o Ponto de Economia Solidária e a USP)”, além de outros problemas, como “risco biológico, trânsito de grandes caminhões, barulho, poluição, danos às águas das nascentes e bacias do Córrego Pirajussara Mirim e do Rio Pirajussara”.

“Os impactos para os moradores e para os equipamentos de atenção em saúde e educação, assim como para a região metropolitana, não foram mensurados e serão irreparáveis”, diz o movimento.

Um abaixo-assinado publicado na Internet – que na tarde desta terça-feira (6 de maio) contava com mais de 4,4 mil adesões – reivindica o cancelamento das construções e também lista vários problemas no processo.

Um deles, como demonstrou o Informativo Adusp Online, é que o PDDI do Butantan foi elaborado pelo arquiteto Carlos Augusto Mattei Faggin, livre-docente aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Como o instituto é tombado pelo Condephaat desde 1981, qualquer alteração no conjunto de edifícios e no seu entorno precisa ser analisada pelo órgão, ligado à Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do governo estadual. Nesse caso, portanto, Faggin estaria na condição de deliberar a respeito de um projeto de sua autoria. O conselho aprovou o PDDI em setembro de 2022.

Faggin, cujo escritório recebeu cerca de R$ 1 milhão pelo PDDI, foi condenado por improbidade administrativa em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no caso da demolição de um casarão histórico em Guarulhos.

Depois da publicação da decisão judicial, em maio do ano passado, a Diretoria da FAU divulgou nota na qual defende o afastamento cautelar de Faggin da presidência do Condephaat. De acordo com a faculdade, não é “saudável essa dupla atuação (…), já que se configura uma situação com grande potencial de conflitos de interesses”. Até o momento, porém, o arquiteto permanece na presidência do conselho.

EXPRESSO ADUSP


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