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Professor Antonio Cassola

Faleceu no último sábado, 22 de março, aos 77 anos, o professor aposentado Antonio Carlos Cassola, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP). Ao longo dos quarenta anos em que trabalhou no Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, entre 1975 e 2015, Cassola notabilizou-se como docente e pesquisador. Além disso, sempre encarou com seriedade as lutas coletivas. Filiado à Adusp, participou da gestão 2013-2015 como diretor segundo-secretário.

Cassola graduou-se em História Natural pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) em 1969. No ICB, obteve mestrado e doutorado em Ciências (Fisiologia Humana), em 1974 e 1979 respectivamente. Em ambos ele teve como orientador o admirável professor Gerhard Malnic (1933-2023), de quem se tornou amigo.

Logo que defendeu seu doutorado, Cassola cursou seu primeiro pós-doutorado no Max Planck Institut für Biophysik (1980-1982), em Frankfurt, na Alemanha. O segundo pós-doutorado ele realizou quase uma década depois, na Yale University (1990-1991), nos EUA. Nos dois casos, com bolsas da Fapesp. Ao longo da carreira, ele publicou 27 artigos completos em periódicos e foi coautor de sete livros.

Em nota de pesar, o ICB lembrou que Cassola “dedicou sua trajetória acadêmica à formação de inúmeras gerações de profissionais e ao avanço da pesquisa em nossa instituição” e expressou condolências a seus familiares, amigos e colegas.

“No movimento docente, Cassola sempre foi um colega e companheiro muito preocupado com o papel que a instituição universidade pública deve cumprir na sociedade e, também com nossa responsabilidade em compreender e se contrapor às situações e fatores que progressivamente, nos últimos anos, atuam sobre ela no sentido de distanciá-la do seu caráter público, das práticas democráticas e de sua função social”, declarou ao Informativo Adusp Online o professor Ciro Teixeira Correia, que presidiu a Adusp na gestão 2013-2015. “Pessoa extremamente criteriosa e rigorosa para com o ethos universitário e a ética no desempenho da docência e da pesquisa, assim como nas relações pessoais. Perdemos todos com sua partida”.

“Foi com imensa tristeza que soube ontem do falecimento do querido amigo Cassola, colega de muitos anos no Departamento de Fisiologia do ICB”, disse ao Informativo Adusp Online o professor Luiz Silveira Menna Barreto, que trabalhou por vinte e cinco anos naquele instituto antes de se transferir para a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP). “Convivemos até 2005 ao longo de anos de muita incerteza. Enfrentamos juntos uma oposição à Adusp, entre outras tantas lutas democráticas. Memória saudosa de uma figura acadêmica do mais alto valor, sobretudo por não defender verdades absolutas, sempre questionando o que ouvíamos dos mais colegas mais antigos. Ela deixa uma marca de seriedade que merece nossa profunda admiração”.

Daniel GarciaDaniel Garcia
Professores Malnic e Cassola em sarau realizado pela Adusp em 2011

Três entidades científicas também lamentaram o falecimento do professor, em notas publicadas no Instagram: a Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE), a Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis) e a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE).

“Cassola possuía expertise em eletrofisiologia, especialmente em técnicas como patch-clamp e no estudo de canais iônicos de membranas celulares”, registra a SBFTE. “Comprometido com a valorização da educação, defendia currículos mais flexíveis, a pesquisa colaborativa e maior investimento na pós-graduação. Acreditava que a educação era a chave para o desenvolvimento do país. Nossos sentimentos à sua família e amigos”.

A SBFis, por sua vez, observa que Cassola foi “um dos grandes expoentes da eletrofisiologia celular no Brasil”, contribuindo de forma pioneira para a introdução e disseminação da técnica de patch-clamp no país. “Ao longo de sua trajetória, destacou-se não apenas por sua profunda erudição, mas também pela generosidade com que compartilhava seu conhecimento, sempre com um rigor científico exemplar. Sua influência no ensino e na pesquisa em Fisiologia e Biofísica é inestimável, tendo formado e inspirado inúmeras gerações de cientistas”.

A SBFis solidariza-se “com seus familiares, amigos e toda a comunidade científica, reconhecendo a imensa perda que sua partida representa para a ciência no Brasil”, acrescentando que seu legado “permanecerá vivo naqueles que tiveram o privilégio de aprender com ele”.

A FeSBE reforça que Cassola “foi um dos maiores expoentes da eletrofisiologia celular no país, sendo um dos primeiros pesquisadores a trazer a técnica de patch-clamp ao Brasil”. Aponta não só a sua erudição invulgar, mas também sua “generosidade ímpar em compartilhá-la com quem quer que o procurasse”, sempre com grande rigor científico. “Cassola deixa uma marca indelével no ensino superior de Fisiologia e Biofísica no Brasil”, conclui a nota da FeSBE.

EXPRESSO ADUSP


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