Vera NavarroVera Navarro
Cristina Damião, à direita na foto, ao lado da professora Elenice Varanda e de Lucas Navarro (31/8/2004)

A historiadora Maria Cristina Damião Pinhoni, ex-funcionária da Adusp, faleceu nesta segunda-feira (4/12) aos 61 anos, em Ribeirão Preto, por complicações decorrentes de uma infecção. Cris Damião, como era conhecida, aguardava um transplante de fígado. Ela trabalhou como secretária da Diretoria Regional de Ribeirão Preto por mais de vinte e sete anos, entre dezembro de 1987 e fevereiro de 2015.

“Cristina Damião nos deixou precocemente hoje. Cris, historiadora, militante, defensora ferrenha da educação pública e do meio ambiente. Trabalhou como secretária da Adusp por muitos anos. Não é exagero dizer que era a alma da instituição aqui no câmpus de Ribeirão”, publicou a professora Vera Navarro, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP). No seu perfil no Facebook, Vera divulgou algumas imagens da amiga. “Esta foto que fiz dela me mostrando a bandeira revela seu engajamento e seu espírito militante”, acrescentou.

Ex-diretores regionais da Adusp, como o professor Luiz Jorge Pedrão, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) e a professora aposentada Elenice Mouro Varanda (FFCLRP), expressaram tristeza pela morte de Cris. “A Cris era incrível, pessoa maravilhosa, conhecia tudo do câmpus da USP Ribeirão Preto e da Adusp, conhecia os docentes, os servidores e tudo o que se relacionava, me ajudou muito quando fui diretor regional, braço direito em todos os sentidos, verdadeira guerreira. Muita gratidão a ela. Cris presente”, disse Pedrão. “Figura rara, foi por muitos anos ‘a Adusp’ no câmpus de Ribeirão, que defendia com dedicação e carinho”, resumiu Elenice.

“Ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000 eu tive o privilégio de trabalhar com a Cristina Damião na Diretoria e no Conselho Regional da Adusp e hoje eu estou seguro de que muitas das jornadas que empreendemos naquele conturbado período foram muito bem sucedidas graças ao empenho e à determinação da Cristina”, declarou ao Informativo Adusp Online o professor Benedito Honório Machado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). “O papel que ela desempenhava na Regional de Ribeirão Preto era muito maior do que aquele desempenhado por uma secretária ativa e eficiente como ela. A Cristina, mais do que vestir a camisa das causas dos docentes da USP, atuava de forma incansável nos diferentes movimentos sociais da cidade e de forma muito afirmativa nos envolvia em grandes jornadas pelas ruas de Ribeirão Preto. Naquela época a Cristina foi para todos nós militantes o coração e alma da Adusp de Ribeirão Preto. E para mim ela será, para sempre, um exemplo de dedicação apaixonada ao seu trabalho e às causas em que ela acreditava e defendia com muito entusiasmo”.

“Estava sempre de alto astral e tinha indignação genuína contra as injustiças”

Também o professor José Marcelino de Rezende Pinto (FFCLRP) destacou a trajetória de Cris Damião, em depoimento ao Informativo Adusp Online. “Pode-se dizer que ‘vestia a camisa’ da entidade com uma energia infinita e com uma capacidade de trabalho e de resolução de problemas sem igual. Tinha um trânsito leve com as instâncias do câmpus (Prefeitura, funcionários, sindicato, DCE, APG) e principalmente com as pessoas, o que tornava tudo mais fácil”, relata. “Uma assembleia? A Cris, com dois telefonemas, arrumava o local. Estão cortando árvores no campus? A Cris já descobria quem estava com a motosserra e tudo parava. Vamos organizar um evento? Em breve ela arregimentava uma multidão de voluntários animados”. Além disso, acrescenta, mesmo em momentos difíceis, “estava sempre de alto astral e tinha uma indignação genuína” contra as injustiças que marcam o cotidiano do país. “Com sua ‘ida muito antes do combinado’ perde a Adusp e choram todos aqueles que militam por um mundo mais justo”.

André Oliveira, atual secretário da Adusp Regional, conheceu Cris em 1987, na gestão do primeiro diretor regional, professor Carlos Tomaz (FFCLRP), e trabalhou por quase vinte e sete anos ao lado dela. “No início eu era um office-boy, depois passei a ser auxiliar de escritório, tendo seu total apoio e sua singular paciência em tolerar minha teimosia. Ela uma jovem mulher em seus 26 anos e eu um menino de 15 anos”, relembrou.

“Na época ela já tinha passado pelo curso de jornalismo e sonhava ser comentarista de vôlei, mas desistiu e iniciou o curso de história. Iniciou um mestrado na Unesp de Franca, mas não terminou. Foi militante do Partido dos Trabalhadores e pertencia à Convergência Socialista, atual PSTU. Lembro-me que ela participava ativamente das manifestações nas portas de fábricas que na época existiam em Ribeirão Preto. Ainda na graduação e já trabalhando na Adusp no período das 9 às 13 horas ministrava aulas nas escolas estaduais, devidamente adornada com a estrelinha do PT. Participava ativamente de todas as manifestações da Apeoesp”, continua André.

Depois Cris passou a participar da Associação Pau Brasil, grupo dedicado às pautas de defesa do meio ambiente. “Era uma pessoa incansável e com disposição para mobilizar o pessoal do Conselho de Representantes da Adusp [CR] em nossos eventos. Participando das assembleias e reuniões do CR, escreveu a história da Adusp de Ribeirão Preto”, conta o secretário. “Nas eleições da Adusp nos dividíamos como mesários nas unidades de Ribeirão Preto. Me mostrou na prática a importância de um sindicato atuante, e em tom de ironia dizia que ‘luta de classes não é lançamento de giz entre alunos da quinta série’. Querida Cris. Saudades!”.

A Diretoria da Adusp lamenta a perda da combativa Cristina, reconhecendo toda sua dedicação e empenho, e se solidariza com colegas, amiga(o)s e parentes.

Cristina Damião, presente!

EXPRESSO ADUSP


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