Movimento Estudantil
Em protesto contra a falta de docentes, cursos de Letras e Geografia iniciam greve nesta terça-feira (19/9); paralisação geral deve ocorrer a partir de quinta-feira
Enquanto o DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” tem organizado manifestações de aluno(a)s da USP em torno do indicativo de greve estudantil a partir da próxima quinta-feira (21/9), discentes de vários cursos aprovaram o início da paralisação já para esta terça-feira (19/9).
Na última quinta-feira (14/9), estudantes do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) decidiram em assembleia dar início à greve no dia 19. A mesma decisão foi tomada em duas assembleias do curso de Letras da mesma unidade – reunindo os períodos matutino e noturno – na sexta-feira (15/9).
O principal alvo do movimento é a situação crítica da falta de docentes na universidade. Conforme levantamento da Adusp, o déficit atual ultrapassa mil professores(as) em relação aos números de 2014, quando a gestão M.A. Zago-V. Agopyan deu início às políticas de restrição de contratações e de desmonte de equipamentos da USP, como as creches e o Hospital Universitário (HU), entre outras medidas deletérias.
A contratação de 876 docentes prevista até o final da gestão Carlotti Jr.-M. Arminda, em 2025, não será suficiente para repor as perdas acumuladas nos últimos anos, além de desconsiderar as saídas que naturalmente continuarão a ocorrer por aposentadorias, falecimentos, exonerações ou outros afastamentos.
O(a)s estudantes também querem melhorias nas políticas de permanência, com mudanças no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE), como o fim do teto de concessão de bolsas e o aumento no valor dos benefícios.
Em carta enviada aos e às docentes do Departamento de Geografia, o Centro de Estudos Geográficos “Filipe Varea Leme” (CEGE) afirma que “esse é o momento da construção e massificação da luta sobretudo por contratação de professores e pela volta do gatilho automático, devido à redução do número de docentes que vem ocorrendo nos últimos anos, em um projeto de precarização da educação e do trabalho que afeta tanto os estudantes, quanto os professores e trabalhadores da universidade e faz com que na Geografia, por exemplo, tenhamos diversas disciplinas optativas não sendo ofertadas pela falta de professores”.
“Essa é uma luta em defesa da universidade pública. Nesse sentido, a luta que vem sendo construída é uma luta de todos nós, em unidade. Por isso, contamos com a compreensão e participação de vocês nesse processo”, prossegue a carta.
O DCE-Livre realiza uma assembleia geral nesta terça-feira (19/9), às 17h30min, no prédio do curso de Letras, para deliberar sobre o indicativo de greve estudantil em toda a USP a partir de quinta-feira.
A paralisação já foi aprovada em assembleias de outros cursos, como História (FFLCH), e unidades, como Escola de Comunicações e Artes (ECA) e Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que mais sofrem com a falta de docentes.
Na última quarta-feira (13/9), estudantes realizaram um “ato arrastão” pela Cidade Universitária do Butantã, com vistas à mobilização para a greve. Grupos de aluno(a)s partiram de diversas unidades do câmpus e encerraram a manifestação em frente à Reitoria.
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